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Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp recebe a exposição “Leonilson: arquivo e memória vivos”

4 fev 2019 | Notícias

Por Lucas Magno

Expoente da arte contemporânea brasileira, José Leonilson (1957-1993) é autor de uma obra singular e autobiográfica. O artista cearensetomou os sentimentos, a sexualidade e as relações amorosas de si e daqueles que o cercavam para refletir sobre a condição humana. Como páginas de um diário, seus trabalhos expunham aquilo que tinha de mais íntimo e de mais sensível. A partir do dia 20 de fevereiro, o público poderá conferir de perto seu universo em Leonilson: arquivo e memória vivosexposição gratuita que a Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp recebe até 19 de maio.

José Leonilson Fotos: Projeto Leonilson/Divulgação

Com curadoria de Ricardo Resende, organização e produção da Base7 Projetos Culturais e apoio do Projeto Leonilson, a mostra reúne mais de 120 obras, várias inéditas, entre pinturas, desenhos e bordados, parte delas restrita por décadas a coleções particulares e institucionaiso. A seleção apresentada é resultado da pesquisa e publicação do catálogo raisonné do artista, lançado em 2017. Por ocasião da exposição, será lançado e comercializado pelo Projeto Leonilson um trabalho inédito, de edição póstuma: uma linoleogravura sobre papel japonês, com 100 exemplares numerados.

“O trabalho de Leonilson é excepcionalmente sensitivo. É no uso do repertório gráfico que ele expressa a sua visão de mundo, inconfundível no manejo dos símbolos, no desenho das palavras, no formato dos textos e nas histórias que criava”, afirma o curador, para quem o artista constituía uma cartografia imagética do afeto. “Ao mesmo tempo que toca pela delicadeza e simplicidade dos materiais utilizados, por outro lado fere como uma punhalada com suas verdades incontestes”, completa Resende.

Já realizada em Fortaleza, a exposição desembarca em São Paulo no espaço que recebeu a primeira grande individual de Leonilson. Em 1995, a Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp, na época chamada de Galeria de Arte do Sesi, sediou a mostra São Tantas as Verdades, organizada por Lisette Lagnado. Foi naquele momento que se descobriu um conjunto de trabalhos do artista, mostrando Leonilson em sua potência máxima.

De caráter retrospectivo, tal como no catálogo raisonné, a exposição divide-se em três núcleos cronológicos, acompanhando a carreira do artista: anos 1970, anos 1980 e, por fim, os anos 1990 (Leonilson faleceu jovem, aos 36 anos de idade, em decorrência da Aids).

Da fase inicial, a exposição traz o primeiro trabalho do artista de que se tem conhecimento: uma pintura sem título, datada de 1971, que traz o desenho de um peixe. Leonilson tinha apenas 14 anos quando pintou a tela em acrílica, provavelmente executada para a disciplina de Educação Artística do antigo curso ginasial. 

A década seguinte marcou a segunda fase da carreira do artista, coincidindo com o abandono da universidade e a sua participação em exposições institucionais, no Brasil e no exterior. Desta fase, nota-se a presença constante de desenhos de montanhas, imagens que se repetem ao longo de sua obra.

A terceira e última fase de Leonilson é a mais cultuada pelos críticos de arte. Momento mais intenso e dramático de sua obra, o artista toma coragem para tratar de sua doença e da morte. Seus trabalhos tornam-se então dilacerantes: por meio de palavras, desenhos e figuras, Leonilson expressa uma dolorosa ansiedade quando defronte à finitude de sua vida.

Ainda no espaço expositivo, a exibição em looping de Leonilson, sob o Peso dos Meus Amores, média-metragem de Carlos Nader que traz entrevistas com figuras próximas ao artista, entre as quais a irmã Ana Lenice da Silva, a amiga Leda Catunda, e os curadores Adriano Pedrosa, Lisette Lagnado e Ricardo Resende.

Sobre o artista
Nascido em Fortaleza, em 1957, Leonilson mudou-se com a família para São Paulo ainda pequeno e logo cedo começou a demonstrar interesse pela arte. Fez cursos livres na Escola Panamericana de Arte e cursou Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado, largando o curso incompleto para iniciar sua trajetória artística.

Na década de 1980, fez parte do grupo de artistas que retomou a prática da pintura, conhecido como “Geração 80”. Participou de importantes mostras no Brasil e no exterior, como Bienais, Panoramas da Arte Brasileira, e a emblemática Como vai você, Geração 80?.

Viajante apaixonado, Leonilson morou na Europa durante um período de sua vida e viajava frequentemente pelo Brasil e pelo exterior, mantendo-se sempre em contato com os movimentos que agitavam o cenário cultural-artístico da época.

O artista faleceu jovem, em decorrência do vírus HIV, na cidade de São Paulo, em 1993, aos 36 anos de idade. Sua obra e memória é preservada pelo Projeto Leonilson, associação comandada pela família do artista, que cataloga sua obra e promove exposições em parceria com diversas instituições.

Leonilson deixou cerca de 3.400 obras, além de múltiplo acervo documental. Em 2017, com apoio da Fundação Edson Queiroz, o Projeto Leonilson lançou um catálogo raisonné, publicação que apresenta a obra completa do artista, com informações catalogadas desde a sua morte. Na ocasião, a exposição Leonilson: arquivo e memória vivosfoi apresentada no Centro Cultural Unifor.

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