Premiado com Troféu Sereia de Ouro 2018, carreira de Descartes Gadelha é legado imaterial para a arte cearense

Por Lucas Magno

Nascido em uma família de artistas, Descartes Gadelha sempre enxergou como natural trilhar o caminho da arte, mais especificamente o da música afro. Aos 75 anos, ele é um dos homenageados com o Troféu Sereia de Ouro 2018, que será entregue, sexta (28), no Theatro José de Alencar.

Há 20 anos, um dos nomes à frente do Grupo Maracatu Solar, Descartes não se contenta em ser rotulado. Tanto que sabe passear com desenvoltura por outras artes, como o desenho, a escultura e a pintura.

Desde quando era pequeno e a mãe Geórgia Marques Gadelha comprava carvão para cozinhar, Descartes experimentava a arte. Era pintando os muros com o material escuro, no começo dos anos 1950, que ele se expressava na rua. Com o pai Diderot Serra Gadelha, conheceu o Salão de Abril, um dos lugares de sua inserção no meio artístico cearense, e ganhou um bonito exemplar em tinta nanquim de “Os Sertões”, obra de Euclides da Cunha que influenciaria Descartes a trabalhar com a temática da Guerra de Canudos.

No ano em que o conflito completou 100 anos, que foi em 1997, o artista expôs toda a sua obra no Palácio da Abolição e, em 1999, no Museu de Arte da UFC, onde o acervo de mais de 100 pinturas a óleo, esculturas, cerâmicas, gravuras e desenhos permanece até hoje. Chamada “Cicatrizes Submersas”, a mostra retrata o sofrimento humano que permeou o arraial baiano durante o conflito.

A trajetória de sucesso do artista rendeu a ele prêmio no XIV Salão de Abril, em 1964, no I e II Salões Nacionais de Artes Plásticas do Ceará e no 1º Salão de Artes Plásticas do BNB-Clube, em Fortaleza. Recentemente, em 2015, Descartes foi homenageado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará.

Foto: Divulgação