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Mulher negra ainda tem baixa representação política no Brasil

20 nov 2020 | Notícias

Por Redação

O conceito de política, com base na democracia, abrange a ideia de que um grupo de pessoas é escolhido para representar os anseios e demandas da população, seja de uma cidade, estado ou país. No entanto, a diversidade da população brasileira ainda não é abraçada totalmente pelo cenário político – especialmente quando se fala de mulheres negras. No domingo (15), foram definidos os 43 vereadores que devem compor a Câmara Municipal de Fortaleza, de 2021 a 2024. Na cidade em que 67% da população se declara preta ou parda, apenas duas, das nove mulheres eleitas, se autodeclaram pretas: Adriana Gerônimo, representante do coletivo Nossa Cara, e Tia Francisca.

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Segundo a professora Tatiana Paz, membro do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi) do IFCE Baturité e doutora em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o balanço das eleições é positivo, mas ainda não representa uma sociedade composta, em maioria, por pessoas negras. “Essas vitórias representam um respiro, uma porta que começa a se abrir no País em que a política institucional é feita principalmente pelo homen branco, hétero e cis. Quando as mulheres negras e indígenas adentram os espaços de representação política institucional, elas trazem uma história de luta”, pondera.

Para ela, o resultado das eleições em Fortaleza, com duas candidatas pretas vitoriosas, configura o início de uma mudança necessária. “Quando uma mulher negra entra no espaço de política institucional, ela também traz questões sociais de classe e, quando são mulheres negras LGBT, também trazem pontos relacionados a sexualidade. A mulher negra, em geral, tem essa discussão interseccional. É muito importante tê-las em cargos de liderança e em lugares de representação política no Brasil”, explica Paz.

“Até hoje, as mulheres negras estão nesse processo de luta pelo bem viver e por condições básicas, como moradia, saúde e educação. Elas estão na base da pirâmide social que representa a maioria da população”,

diz Tatiana Paz.

A professora ainda fala sobre a importância da fiscalização do processo de autodeclaração de candidatos negros e motiva o engajamento do povo na escolha dos representantes. “As populações negras e indígenas que querem se ver representadas devem conhecer a trajetória dessas pessoas que se autodeclaram. É importante que nesses espaços a gente tenha pessoas negras e indígenas engajadas nas lutas, preocupadas com questões que afetam as populações”, estabelece.

A cor da política

Para o IBGE, o total da população negra no Brasil equivale à soma de pessoas que se declaram pretas e das que se declaram pardas. Sob esse critério, 56,10% dos brasileiros se declararam negros em 2019, na Pnad
Contínua. Essa maioria, contudo, não é traduzida no cenário político.

Apenas 24,4% dos parlamentares ocupando as cadeiras da Câmara dos Deputados em Brasília se declara negra. E nas assembleias estaduais em todo o País, apenas 28,9% dos eleitos são negros.

No Ceará, em que 72,4% da população se declarou negra no primeiro trimestre de 2020, apenas 28,2% dos deputados estaduais se identificam nesse recorte racial, o que representa 13 das 46 cadeiras da Assembleia Legislativa, segundo o IBGE.

Assim como Fortaleza, a Câmara Municipal de Salvador em 2021 contará com um mandato coletivo por meio da eleição do projeto “Pretas por Salvador”, composto por Laina Crisóstomo, Cleide Coutinho e Gleide Davis (Foto: Divulgação)

No pleito municipal que aconteceu no domingo (15), após contabilizados os votos, Fortaleza e Salvador se destacaram por terem eleito nove mulheres, cada uma, para as respectivas Câmaras Municipais. Apesar de as capitais cearense e baiana ostentarem o maior número de vereadoras eleitas no Nordeste, a representatividade feminina é baixa, uma vez que as mulheres serão apenas 20% da Câmara entre 2021 e 2024 nestas cidades.

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