10 ago 2020 | Lifestyle
A infância guarda, de forma particular, brincadeiras e histórias cheias de imaginação expressadas pelos pequenos. Diferente de outras crianças, Lia de Paula aprendeu a pintar suas narrativas por meio das câmeras em vez do lápis de cor. Ela herdou do pai, Silas de Paula, o amor pela fotografia e, assim como ele, abraçou a expressão artística na vida profissional.
De Pai para Filhx é o especial de Dia dos Pais do Site MT que compartilha histórias de legados profissionais que passam de pai para filhxs. Silas e Lia de Paula são a segunda dupla entrevistada no especial.
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“Meu pai me deu minha primeira câmera quando eu tinha uns sete anos, uma agfamatic pocket, que guardo até hoje. Guardo também uma imagem na minha cabeça: meu pai pintando as falhas das fotografias com spotone. Ele me influencia na vida e na fotografia sempre, mas nunca de forma direta. Ele não me mostrou a técnica ‘inicial’ da fotografia, mas ensinou a olhar o mundo de forma crítica, a observar a luz e olhar para os quatro cantos do quadro antes de apertar o botão”, conta a cearense.
Pelo olhar de Lia, Silas apresentou aspectos indispensáveis da profissão. “Ele sempre falou sobre ética, respeito e a importância de retratar as pessoas da forma como eu gostaria de ser retratada. A fotografia me aproximou do meu pai. Tudo que eu faço relacionado a isso, ele é sempre a primeira pessoa que mostro. E na vida, o primeiro para quem ligo. Minha mãe também me influenciou diretamente me dando meu primeiro curso de fotografia quando eu tinha 18 anos”, comenta.
“Meu pai é um grande pensador e professor. Ele é rebelde e extremamente generoso, sempre vê o copo meio cheio. Quem vê de fora nem imagina o tamanho do coração dele”,
declara Lia de Paula.
Pelo olhar de Silas, o ar de independência que Lia carrega na personalidade contribuiu na sua escolha pela profissão. “Ela é filha de pais jornalistas, talvez isso tenha influenciado. Quando eu e a mãe dela nos separamos, fiquei com ela. Fotógrafo publicitário, algumas vezes tive que trabalhar nos fins de semana e a levava para o estúdio, até para fotos aéreas que às vezes tinha que fazer. Pequenininha, ela gostava de ficar no helicóptero ao meu lado”, lembra o capixaba.
O fotógrafo aponta que o avô de Lia pode ter sido o grande responsável pelo gene da fotografia na família. “Meu pai utilizava uma ‘box câmera’, aquelas bem antigas, e eu ficava fascinado olhando o resultado. Às vezes, nos reuníamos em família para ouvir a história das fotos e era muito divertido. Talvez o fato de fotografar família esteja no sangue, mais de Lia do que no meu. Seu projeto ‘Relicário de Memórias‘ é fascinante e ela fotografa pessoas de uma forma incrível. Seu outro projeto, ‘Todo Filho é Filho da Mãe‘, me emociona muito”, confessa Silas.
“Lia tem um olhar gentil e aguçado que dá uma nobreza enorme ao fotografado ou filmado. Acho que o DNA do avô, seu amor por fotos familiares, passou para ela”,
comenta Silas de Paula.
Ele ainda compartilha o que aprendeu com a filha durante os anos dividindo a paixão pelas câmeras. “Aprendi a fotografar melhor. Sou mais disperso, não muito cuidadoso e ela briga muito comigo por isso. Além disso, a relação do fotógrafo com o fotografado tem que ser sempre de cumplicidade, ela consegue isso e eu tenho uma certa dificuldade. Gosto da distância, ela da proximidade e com isso consegue extrair das pessoas o que elas tem de melhor. Gosto da forma ética com que ela trabalha e fundamentalmente gosto da sua fotografia. Tenho orgulho dela e sempre aprendo mais”, declara.