16 set 2020 | Moda
Da porta de casa para dentro, a jovem designer Gabriela Fiuza começou a criar peças autorais e sonhar com uma indústria da moda mais justa. Em 2016, após a conclusão do curso na Universidade Federal do Ceará (UFC), a cearense lançou a marca que carrega o seu nome, atendendo clientes-amigas na própria residência e valorizando um elemento importante da cultura local: o crochê.
Segundo ela, o artesanato sempre esteve presente nas peças da marca. “Temos como objetivo manter o crochê vivo e valorizado. Buscamos ressignificá-lo com design atemporal, durabilidade e qualidade. Essa matéria-prima faz parte da cultura da gente e também representa independência para muitas mulheres que encontraram nela uma maneira de ter sua renda”, afirma.
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“O propósito da marca é ressignificar o uso da roupa. Queremos que a cliente tenha uma relação com as peças e o processo produtivo. Temos o maior cuidado para que tudo seja o mais justo possível, desde a escolha dos tecidos até a mão de obra das nossas costureiras e artesãs”,
diz Gabriela Fiuza.
Sobre o processo criativo, a profissional revela que as ideias surgem de vivências pessoais e cotidianas. “A gente não costuma seguir tendências de design e modelagem. Por ter contato com uma indústria têxtil que segue tendências acabamos trabalhando com algumas cores desse estilo, por exemplo, mas não é o que me guia. Prezamos muito pela originalidade”, explica.
Lembra daquele sonho que Gabriela tinha de contribuir para uma moda mais justa? Ela conseguiu fazer isso valorizando profissionais do Estado. “Todo o nosso processo de costura é feito no Ceará. Temos 15 artesãs e cinco costureiras no interior do Ceará que estão sempre em contato comigo e cuidamos para que tudo esteja certo com as condições de trabalho”, diz.
Período de mudanças para Gabriela Fiuza, o ano de 2020 já trouxe fortes emoções. Em março, seis dias após a inauguração oficial do seu estúdio, a designer teve que fechar as portas do espaço temporariamente devido à pandemia. “Tudo estava como a gente sempre sonhou e, de repente, tivemos que voltar a trabalhar de casa. A loja foi inaugurada no dia 13 de março e fechamos no dia 19. Imagina a loucura”, lembra.
O isolamento social foi responsável por um momento de introspecção para Gabriela e dele nasceu a coleção “Realinho”. “Metade dela já estava planejada antes da pandemia, mas ela atrasou. Nesse período, a coleção sofreu várias alterações para sentir esse novo momento”, conta.
“Estamos com a nossa identidade de marca bem definida”
Modelagens e padrões estéticos da marca foram repensadas – realinhadas. Para a designer que começou produzindo em casa e agora trabalha em um estúdio exclusivo, o tempo é de amadurecimento. “A essência da Gabriela Fiuza continuou a mesma, mas a partir da Realinho, a gente com certeza é uma marca mais sofisticada. Ela traz desde um simples detalhe como uma etiqueta de composição do tecido diferente até o produto final”, finaliza.