25 jul 2021 | Notícias
Neste domingo (25) é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Você sabe como nasceu essa data comemorativa? Em 1992, um grupo de mulheres negras definiu a data para pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a luta contra as opressões de raça e gênero. O dia relembra um marco internacional de resistência contra o racismo e o sexismo vivido até hoje por mulheres que sofrem discriminação racial, social e de gênero.
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Visando mudanças diante desse cenário, em 1992, foi realizado o Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, com mais de 300 mulheres não-brancas. No evento, se reuniram as amefricanas – mulheres afrodescentes nas Américas, chamadas assim pela filósofa e antropóloga brasileira Lélia Gonzales, não apenas por partilharem o mesmo espaço geográfico, mas também o histórico e cultura.
Desse encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. A Rede, junto à ONU lutou para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
A população negra no Brasil corresponde a maioria, 54%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Associação de Mujeres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes. Porém, tanto no Brasil quanto fora dele, essa parcela populacional, principalmente as mulheres, também é a que mais sofre com violência. A mulher negra é, ainda hoje, a principal vítima de feminicídio, das violências doméstica, obstétrica e da mortalidade materna, além de estar na base da pirâmide socioeconômica do país.
A data celebrada neste domingo (25) não é apenas simbólica, como ainda é necessária. A luta de mulheres negras pela vida – com direito a tudo que essa palavra engloba – abre portas para jovens mulheres negras, como a ginasta Rebeca Andrade, que brilhou hoje nas Olimpíadas de Tóquio, com uma ótima e ousada performance ao som de “Baile de Favela”, música de MC João.
No Brasil, o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha é também o da Mulher Negra e de Tereza de Benguela, líder quilombola e símbolo de resistência preta – e feminina. Em 2014, a data foi formalizada por meio da lei nº 12.987, sancionada pela então presidenta Dilma Rousseff.
Tereza de Benguela viveu no século 18 e se tornou rainha do quilombo Quariterê, no Mato Grosso, e governou como ninguém. Criou um sistema de parlamento para reunir outros líderes que decidiriam sobre a administração do quilombo e se mostrou uma grande ativista colocando ações em prática para alimentar e cuidar de seu povo.