6 jun 2020 | Lifestyle
Sabe aquela tradicional pergunta que ouvimos quando criança “o que você quer ser quando crescer”? Entre as diversas possibilidades para a pequena Isabela, nascida no Rio de Janeiro, o amor pela música falou mais alto. Hoje, Iza é reconhecida pelo seu trabalho potente, no palco e fora dele. A cantora, dona de grandes hits, possui um olhar voltado às causas sociais começando pela representatividade. “Eu falo de coisas que são da minha vivência. Falando sobre as minhas dores e minhas vitórias, eu ajudo muita gente a ter coragem de quebrar barreiras. A música é imortal e reflete o momento político e social de cada época”, diz em entrevista exclusiva ao Site MT.
Recentemente, a cantora de “Pesadão” e “Meu Talismã” foi convidada para participar da campanha “Be The One“, uma parceria da Organização das Nações Unidas (ONU) com a Fundação Humanity Lab, sobre refugiados. O início da ação foi marcado pelo lançamento da música e clipe “Let Me Be The One“, parceria de Iza com o rapper americano Maejor.
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A iniciativa da ONU garantiu uma divulgação internacional do trabalho da artista. “Primeiro chamaram o Maejor e depois, quando começaram a pensar um nome no Brasil, surgiu o meu. Eu nunca imaginei participar de algo tão grande assim e estou muito feliz. Não tenho palavras pra descrever a emoção“, afirma.
O casting do clipe recém-lançado é composto apenas por refugiados, algo que ajudou a transmitir a essência da campanha. “Queríamos contar histórias e, mais que isso, dar visibilidade para essas pessoas. A gente queria passar a mensagem de que nós somos a estrutura, nós que construímos tudo, nós que elevamos os pilares da sociedade”.
“Juntos somos um só e podemos fazer a diferença”, diz Iza.
Antes do isolamento social, ela já tinha decidido desacelerar o ritmo de shows e eventos no primeiro semestre de 2020 para trabalhar no álbum novo, descansar e ficar com a família. “Esse ano os fãs podem esperar singles novos. Já estou gravando novas músicas e produzindo outras. Tenho desenhado muito porque me ajuda a pensar em música. Vi séries também, li livro e tô namorando bastante”, comenta.
A artista falou ainda sobre as músicas que não podem faltar na sua playlist. “Gosto de ouvir coisas antigas, dos anos 70 e 80, curto demais dance hall, reggae e acabo ouvindo isso todo dia”.
O primeiro álbum da multi-instrumentista, intitulado “Dona de Mim”, foi lançado em 2018 e recebeu uma indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Em 2019, ela estreou como jurada no “The Voice Brasil” e foi anunciada como rainha de bateria da escola de samba Imperatriz Leopoldinense.
A carreira de Iza só cresce, mas a sua história poderia ser bem diferente – e ela sabe disso. No clipe da música “Dona de Mim”, a cantora retrata vivências de mulheres negras e mostra a realidade de uma escola pública na periferia. Nas redes sociais, ela se pronunciou sobre o movimento #VidasNegrasImportam e os casos de João Pedro, Ágatha Vitória e Miguel Otávio, crianças brasileiras de pele escura que tiveram suas vidas ‘roubadas’.
Iza acredita que estar sob os holofotes lhe confere um dever de potencializar vozes muitas vezes esquecidas. Não é por acaso que ela desperta uma admiração nos pequenos, a exemplo da sua “mini-fã” Luara Martins, que teve a honra de dançar com a cantora no palco do Rock in Rio, em 2019.
“Eu, como uma mulher negra, toda vez que via alguém semelhante a mim na TV, independente da arte que fazia, curava as minhas feridas, o meu medo de me expor e a falta de representatividade”
“Eu achava que em certos lugares eu não poderia estar. Pessoas como Glória Maria e Taís Araújo, fizeram com que eu entendesse que eu podia, sim, estar nos lugares que eu quisesse estar“, ressalta Iza.
Com todo seu talento e importância, Iza bem que poderia passar pelo Ceará em 2021, não é? Ficaremos aqui na torcida.