26 jan 2020 | Moda
Para Beatriz Guedes, moda nunca foi apenas estética. Formada em Design de Moda, com MSc em Psicologia Aplicada à Moda pelo London College of Fashion, MA em Design para Comunicação pela University of Westminster, a pesquisadora de moda sustentável e ativista cearense que já chegou a desenvolver trabalhos para marcas como Stella McCartney e Alexander McQueen sempre enxergou a moda como plural.
“A roupa em si não me cativava tanto quanto o que estava por trás dos ‘porquês’ da vestimenta. Percebi então que me interessava muito pela pluralidade da moda e sua ligação com o bem estar do meio ambiente e das sociedades”, conta.
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A partir desse entendimento, Bia passou a estudar mais sobre sustentabilidade e as relações que envolvem moda e psicologia. “Durante minhas pesquisas conheci o Fashion Revolution, Oxfam, People Tree, Reformation e Patagonia – organizações e marcas de sustentabilidade na moda – e meu objetivo na vida virou trabalhar com uma moda mais justa, limpa e benéfica para todos os envolvidos”.
Hoje em dia, Bia ministra palestras sobre sustentabilidade e participa de projetos de moda comprometidos com a causa. Em Fortaleza, ela é voluntária do Fashion Revolution, movimento global de conscientização sobre os impactos socioambientais da moda.
A representante local é Lorena Delfino, com quem a ativista montou uma empresa de comunicação, consultoria e educação em moda sustentável, a Transmoda. “Através da Transmoda, damos palestras, cursos, prestamos serviços para empresas de moda e incentivamos projetos que tenham essa pegada de educação em sustentabilidade”, detalha.
Bia também desenvolve trabalhos para a plataforma Modefica, baseada em São Paulo. A convite da editora chefe Marina Colerato, ela colaborou com o projeto #MenosPlásticoMaisPlaneta, sobre o uso responsável do plástico. Ela ainda atua como freelancer de comunicação e planejamento de marketing na Futuramoda, agência de Marina com foco em produtos e serviços sustentáveis.
O contato mais significativo de Bia com a moda sustentável ocorreu na Inglaterra, onde desenvolveu a maioria de seus estudos na área. Ao fazer um paralelo com o mercado cearense, a pesquisadora avalia que é preciso levar em conta a realidade do País.
“Aqui percebo que existe um paradoxo muito forte: ao mesmo tempo que certas práticas sustentáveis fazem parte da nossa cultura (como a doação de roupas para instituições de caridade, artesanato, roupas que passam por gerações na família, levar tecido na costureira para fazer a roupa, etc), existe ainda uma ignorância predominante em relação à sustentabilidade, falta informação e educação”, pondera.
Apesar de tudo isso, a pesquisadora acredita “que a tendência é que o mercado cearense se adapte aos novos modelos de se criar, produzir, vender e manter moda. Existe um potencial imenso aqui. Mas precisamos ainda investir em coisas básicas como informação sobre sustentabilidade”.
Fotos: Divulgação/Reprodução