21 jan 2022 | Notícias
No mês da Visibilidade Trans, o maior reality show do Brasil recebe novamente — após um hiato de 11 anos — uma participante travesti, a cantora e atriz Linn da Quebrada. Em menos de 24h desde a sua entrada no BBB 22, a sister foi alvo de comentários transfóbicos. Na noite da última quinta-feira (20), Rodrigo Mussi revoltou os colegas de confinamento ao usar um termo pejorativo para se referir a travestis. Em conversa no quarto Lollipop, o brother comentou que não conseguia esquecer uma história que Eliezer contou sobre “um ‘traveco'” e sua fala foi repreendida pelos participantes. Entenda porque o termo não deve ser usado.
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Confira quem são os participantes do BBB 22
Após o comentário, os participantes Scooby e Vyni aconselharam Rodrigo a procurar Linn da Quebrada e pedir para ela explicar os motivos do termo não ser adequado. Nesta sexta-feira (21), Rodrigo seguiu o conselho e foi perguntar a opinião de Linn e ela foi bem incisiva. Confira a conversa:
“Não pode mais ser aceito como normal mas eu achava que era. Eu soltei uma palavra que você tem lugar de fala para me ajudar. Falei a palavra traveco, daí vim aqui perguntar para você se era ofensivo”, comenta Rodrigo, no que Linn responde:
“Traveco é utilizado nesse lugar pejorativo. Acho que a gente até sabe mas também não se liga porque isso acaba se tornando um hábito de se referir. Sim, porque é pejorativo”.
Rodrigo: “Falei a palavra traveco, dai vim aqui perguntar pra você se era ofensivo.”
— UpdateChart • #BBB22 (@updatechartuc) January 21, 2022
Linn: “Nossa, com certeza. Você não sente quando você fala?” #BBB22 pic.twitter.com/0jpvKZJava
No Twitter da cantora, as administradoras — que também são travestis — confirmaram a explicação de Linn da Quebrada sobre o termo ‘traveco’.
✅ travesti: identidade com a qual Linn se identifica
— Linn da Quebrada 🧜🏽♀️ (@linndaquebrada) January 21, 2022
❌ traveco: maneira pejorativa pela qual NÃO devemos tratar travestis e mulheres trans.#TeamLinn 🧜🏽♀️
Na língua portuguesa, o diminutivo ‘eco’ normalmente acrescenta uma conotação pejorativa e negativa à palavra. Além disso, o termo “traveco” invalida uma luta de anos travada em prol de conseguir o respeito e a dignidade que travestis merecem. Na dúvida, pergunte qual pronome e qual a forma que a pessoa deseja ser chamada.
Furreco, cacareco, livreco: o sufixo “eco” implica em algo vulgar, vagabundo, de baixa qualidade.
— Lana LINDA & QUEBRADA (@lanadeholanda) January 21, 2022
Por isso “traveco” é um termo ofensivo, pois ele aponta a travesti como algo menor, como descartável, desprezível.
Sem falar que “traveco” é masculino. E travesti é feminino.
Linn da Quebrada não se identifica como uma mulher trans, mas como uma travesti. Segundo a definição que é aceita pela comunidade LGBTQIA+, mulher trans é uma identidade feminina que está dentro da binariedade (a dicotomia homem-mulher). Já travesti vai além da binariedade. A pessoa que se declara travesti, não necessariamente se identifica como mulher, mesmo que, na aparência, ela pareça uma.
mulher trans é uma identidade do espectro feminino que está dentro da binariedade
— gabi, a fracassada #TeamLinn 🧜🏽♀️ ☿ (@earthsdaught3r) January 15, 2022
travesti não. travesti é identidade única. não necessariamente está dentro da binariedade de gênero. eu sou travesti não binária. a alina é. a linn da quebrada é. por aí vai.
Na quinta-feira (20), os participantes do BBB 22 se conheceram melhor durante uma dinâmica de grupo e Linn afirmou: “Não sou homem, nem sou mulher. Sou travesti“. Assista: