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Conheça a história do primeiro banco de leite humano do Ceará

24 ago 2020 | Notícias

Por Tainã Maciel

Zelar pela vida de uma criança é amar, proteger e também nutrir. Antes das primeiras palavras e dos primeiros passos, a saúde dos bebês deve ser pauta principal começando pela alimentação. Em alusão ao Agosto Dourado, mês que incentiva o aleitamento materno, o Site MT conta a história do Banco de Leite Humano da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), o primeiro do Ceará e que integra o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC).

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Co-fundadora do banco de leite, a professora Márcia Machado, associada à Faculdade de Medicina da UFC, conta que no início da década de 1980 houve um grande avanço na promoção do aleitamento materno no Brasil e vários grupos iniciaram uma série de ações para treinar profissionais de saúde e impulsionar a prática.

Em 1987, o diretor da Maternidade Escola Dr. Chagas Oliveira e o professor Sulivan Mota, hoje presidente do Iprede, foram convidados a implantar o primeiro Banco de Leite Humano no Ceará, inaugurado em 23 de março de 1988.

Fachada da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Foto: Ebserh)

Na época, a professora trabalhava como enfermeira do alojamento conjunto, dando suporte leito a leito e ensinando práticas como o posicionamento correto do bebê. “Em 1987, começamos a preparar a Meac para inaugurar o Banco de Leite. Foi um projeto muito inovador, pois além de trabalhar incentivando a doação de leite e pasteurizá-lo para os bebês prematuros internados em UTI’s neonatais, passou a oferecer atendimento individualizado a qualquer mulher que apresentasse dúvidas sobre a amamentação“, explica.

De acordo com o Ministério da Saúde, o aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos e diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta. O órgão defende que o leite materno possui todos os nutrientes que o bebê precisa até os seis meses de idade, estimulando exclusividade alimentar nesse período.

“O projeto do Banco de Leite Humano tinha como um dos propósitos auxiliar os índices de aleitamento materno exclusivo. Na época da fundação, muitas mulheres paravam de amamentar de forma precoce, já nos primeiros dias”,

lembra Márcia.

Segundo ela, a unidade tornou-se um dos maiores serviços públicos ofertados para o apoio a amamentação do Estado, sendo também um centro formador de profissionais de saúde e de pesquisa sobre o tema. “Nossos indicadores ainda não são os ideais, mas ampliamos o número de crianças que recebem o leite materno no Ceará. Posso assegurar que aprendi muito acompanhando cada mulher, pai e filho nos dez anos que atuei na direção daquele serviço, ampliando não somente o meu conhecimento científico, mas humano. Hoje, tenho uma lista grande de ‘amigas do peito’, incluindo quem conseguiu amamentar ou não o seu filho”, conta.

Professora Márcia Machado (Foto: Viktor Braga)

“Doar leite é doar vida. Cada mãe que tenha leite em excesso pode doar um pouco às crianças que precisam desse alimento para sobreviver, ganhar peso na UTI ou berçário e voltar para casa. É preciso que as mulheres lembrem-se de doar”,

diz Márcia Machado.

A professora recorda histórias marcantes que vivenciou durante a sua trajetória na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand. “Uma mãe doadora me contou que foi convidada por outra mãe a participar da primeira festa de aniversário do filho. Quando nasceu, ele ficou mais de dois meses na incubadora. Chegando na festa, ela encontrou uma dezena de outras doadoras e soube que a mãe do prematuro anotou o nome e o contato de todas para comemorar aquela data que significava vida para ela e seu filho“, recorda.

Como doar

Há mais de 30 anos, o Banco de Leite Humano da Meac recebe doações e presta atendimentos na área. Para saber como funcionam os serviços atualmente, o Site MT conversou com a enfermeira obstetra Rosy Pinheiro que trabalha na unidade.

“Todas as mães que estiverem apresentando qualquer dificuldade relacionada à amamentação podem nos procurar. Funcionamos de segunda a sexta-feira, de 7h às 19h. Não é necessário agendamento. Elas terão consulta gratuita e receberão ajuda e orientações direcionadas às suas necessidades”, orienta.

Armazenamento de leite humano (Foto: Agência Brasil/Elza Fiuza)

A enfermeira falou sobre as principais dúvidas que as mães apresentam nas visitas ao Banco de Leite. “Além dos mitos que ainda existem como mães que acreditam que seu ‘leite é fraco’, algumas vêm para saber o que fazer em determinadas situações bastante comuns, como ingurgitamento (peito pedrado), fissuras (ferimentos) nos mamilos, mastite (infecção da mama) e também quando o bebê não consegue mamar”, diz Rosy Pinheiro.

Já para as mães que desejam doar, o procedimento é diferente e a doadora não precisa deslocar-se ao hospital. “Ela liga para o telefone 3366-8509, responde algumas perguntas e receberá toda a informação necessária, bem como será agendado o dia que o motorista passará em sua residência para buscar esse leite e deixar o material necessário: gorro, máscara, frascos de vidro para armazenar”, detalha.

Hoje, o Ceará é o primeiro do Nordeste e o sétimo do país em números de bancos de leite humano. O Estado tem nove bancos, 14 postos de coleta de leite materno e 16 salas de apoio à mulher trabalhadora que amamenta, certificadas pelo Ministério da Saúde. 

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