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Consultoras de amamentação orientam mães e ajudam a quebrar tabus

24 ago 2020 | Notícias

Por Jacqueline Nóbrega

Mesmo com os benefícios do aleitamento materno sendo amplamente difundidos na sociedade, a amamentação ainda é envolta em tabus. Nesse contexto, as consultorias de amamentação ganham cada vez mais força e desempenham um importante papel, orientando gestantes ainda durante a gravidez e munindo futuras mamães de informação e confiança para alimentarem os próprios filhos.

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Consultoras de amamentação orientam mães e ajudam a quebrar tabus

A enfermeira Sabrina Alapenha é consultora de amamentação há três anos e relata que existe um mercado forte que induz ao consumo de leite artificial e ao uso de chupetas e mamadeiras. “A disputa é injusta, mas seguimos com o nosso trabalho de formiguinha, sonhando com o dia em que todos levantarão a bandeira da amamentação”, explica ela, que é sócia da consultoria Ama Amamentação com a também enfermeira Mariana Gonçalves. Nas redes sociais da consultoria, elas têm promovido lives e cursos gratuitos, reforçando a importância do leite materno.

Sabrina salienta que as taxas de aleitamento são controversas. Segundo a enfermeira, em países de renda média e alta, apenas 23,9% das crianças são alimentadas somente com o leite da mãe no primeiro semestre após o nascimento. No Brasil, esse índice é de 38,6%. Já nos países menos desenvolvidos, o índice de amamentação exclusiva no primeiro semestre de vida está acima da média global de cerca de 40%, alcançando os 50,8%.

Sabrina Alapenha e a sócia têm promovido, nas redes sociais da consultoria de amamentação que conduzem, cursos gratuitos sobre o tema. (Foto: Arquivo pessoal)

“As maiores taxas foram encontradas em Ruanda (86,9%), Burundi (82,3%), Sri Lanka (82%), Ilhas Salomão (76,2%) e Vanuatu (72,6%), segundo o Unicef e a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, relata.

“Difícil entender, né? Quanto mais esclarecida é a população, menos valor se dá a algo tão precioso. É como diz o pediatra espanhol Carlos González, referência mundial em aleitamento materno: ‘Se existisse uma vacina com todos os benefícios do leite materno, os pais pagariam o que fosse para tê-la, mas como é algo gratuito, muitos não dão o devido valor'”. 

Mães empoderadas

A notícia boa é que ao longo de três anos atuando no segmento, Sabrina conta que percebe não só mães mais empoderadas sobre os benefícios do aleitamento materno, mas toda a família envolvida no processo, o que é essencial, uma vez que a rede de apoio é fundamental. “O conceito e importância da consultoria em amamentação estão se difundindo e percebemos uma grande parcela da população optando por buscar ajuda profissional, seja em banco de leite ou atendimento domiciliar, antes de ir numa farmácia e comprar um leite artificial”, comemora a consultora.

Apesar de muito se falar que amamentar é um ato instintivo, Sabrina reforça que o ato requer técnica adequada, além de existirem fatores anatômicos e fisiológicos que podem dificultar o processo. “Nosso objetivo é que o apoio ao aleitamento não se limite somente aos nossos atendimentos domiciliares, mas que todos os profissionais da área, sejam pediatras, nutricionistas, fonoaudiólogos, etc., estejam aptos a avaliar e conduzir o processo da amamentação, evitando um desmame precoce“.

Ajudar vidas

Enquanto em alguns círculos familiares a amamentação é desestimulada, em outros, alimentar o bebê com leite materno torna-se quase um ato coletivo por meio da doação. Mãe de Guilherme, de 3 anos, e Maya, de 5 meses, a professora Marisa de Abreu conseguiu amamentar os dois filhos. O primogênito mamou até o 2 anos e oito meses e, desde o nascimento dele, ela doava leite para a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), que sedia o primeira banco de leite humano do estado.

A iniciativa se repetiu quando a caçula nasceu, em meio à pandemia, e o incentivo da família foi fundamental para que ela tomasse essa decisão. “Dentro do meu ciclo familiar sempre tive apoio em amamentar e doar. Minha irmãs me incentivaram, pois sobrava muito leite após os bebês delas mamarem. E quando estamos gestantes lemos muito sobre a importância de amamentar e doar, assim como nas conversas com as amigas que também têm filhos e que doaram ou doam”, relata Marisa.

Ajudar vidas é o que motiva a professora Marisa de Abreu a continuar doando leite para o Banco de Leite Humano da Maternida-Escola Assis Chateaubriand (Foto: Arquivo pessoal)

Ela conta que fica feliz em nutrir os filhos e poder alimentar outros bebês. A professora também encontrou apoio no pediatra que a acompanha para prosseguir tanto com a amamentação como com a doação. “A gente sempre escuta de outras pessoas, principalmente mães, que o período de amamentação não precisa se prolongar, ou que dá muito trabalho doar leite. Claro que ambos são cansativos, você precisa querer e ter uma rede de apoio que lhe auxilie”.

“A maioria das pessoas sabe da importância da amamentação, mas ainda considero um tabu, pois a cultura transforma essa fase em algo difícil e/ou impossível, assim como quando se fala de parto vaginal. A mulher tem que se empoderar e fazer o que quer, pois querendo ela consegue”, completa Marisa. 

Rotina de entrega

A mãe de Guilherme e Maya reconhece, contudo, que amamentar e ainda doar leite não são rotinas fáceis: a mulher precisa estar forte e decidida do que quer fazer, e ter muita força de vontade, como foi no caso dela. No período do primeiro filho, ela viajava para trabalhar no interior do Estado e deixava leite estocado para que o primogênito continuasse mamando. Além disso, congelava o que sobrava para prosseguir com as doações.

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“Andava com um isopor para trazer o leite nas viagens e tinha todo o cuidado para os potinhos não descongelarem. Chegava a trazer quase 2 litros de leite. Algumas pessoas achavam exagero ter todo esse trabalho, mas saber que estava ajudando vidas me fazia superar o cansaço“, lembra.

O isolamento social que marcou a chegada da caçula Maya foi só mais um incentivo para que ela continuasse nessa entrega pessoal e coletiva com o leite materno. “Numa fase onde muitas pessoas estão em isolamento social e com medo, temos que continuar ajudando da forma que pudermos, e assim vou seguir até quando puder”, defende.

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