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“É um prazer enorme fazer parte desse projeto”, afirma Ana Miranda, uma das curadoras da Bienal do Livro do Ceará deste ano

16 ago 2019 | Notícias

Por Lucas Magno

A XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará começa nesta sexta-feira (16) e o evento vai até o dia 25 de agosto, com dez dias de intensa programação que ocupará vários espaços da cidade. Neste ano, a Bienal contará com mais de 300 convidados, divididos em palestras, oficinas, lançamentos de livros e outros eventos literários. A curadoria da programação ficou nas mãos da escritora cearense Ana Miranda, do escritor, produtor cultural e professor Carlos Vasconcelos e da professora Inês Cardoso.

A equipe do Site MT conversou com Ana Miranda para saber um pouco sobre a criação dessa edição da Bienal e o que o público pode esperar da programação. Confira a entrevista:

O tema da Bienal deste ano é “As Cidades e os Livros”. Como foi o processo para escolher o tema e qual a mensagem que vocês querem passar com ele?

Ana Miranda: O tema foi uma sugestão do Fabiano Piúba (secretário da cultura). Ele tem um trabalho profundo já a bastante tempo no campo da leitura. Pensamos em alguns outros temas, mas acreditamos que o escolhido, “As Cidades e os Livros”, é universal. Na cidade tem espaço para tudo, todo tipo de pessoa, sentimento, pensamento. É um tema candente. O Brasil hoje é um país quase completamente urbano, quase toda a população vive em cidades. Então é importante a gente incentivar esse olhar, principalmente olhar para a nossa cidade, onde estamos morando, como estamos nos relacionando com esses espaços e essa realidade. 

Além do Centro de Eventos do Ceará, a Bienal também tem o projeto de levar a programação para outros espaços do Estado. Qual é a importância de levar a Bienal para outros locais?

Ana Miranda: A Bienal fora da Bienal sempre foi a “menina dos olhos”. Quem faz essa organização é o Júlio Lira. Eu já participei como escritora e é muito mais interessante fazer uma bienal fora do que dentro. Já estamos acostumados com esse tipo de espaço fechado em que tem cadeira, palco, isso é muito comum. Mas na Bienal fora da Bienal, é uma relação com um espaço novo, normalmente são lugares escolhidos com muito critério, pensando no literário, social, político. O projeto passa por lugares como Sabiaguaba, Centro, Casa do Estudante, assentamento do Movimento Sem Terra (MST), lugares entre natureza e a sociedade. Os escritores tem uma relação diferente com espaço, conhecem pessoas diferentes. No geral, são pessoas que não tem acesso ao Centro de Eventos. São pessoas de comunidade, muitas vezes que acabam conhecendo por acaso. E é importantíssimo para essas pessoas se sentirem incluídas em um projeto maravilhoso como é o caso da Bienal. Lembro que eu fui com Pedro Salgueiro uma vez para Santana do Acaraú e eles esperavam a gente ansiosamente, tapete vermelho, banda de música. Foi uma coisa linda! Vários ônibus com pessoas de toda a região. “Vamos pra Bienal, vamos para a Bienal”, para eles a Bienal era uma palavra mágica. Tinha padre, prefeito, diretor da escola, professora, poeta da cidade, todo mundo. O Ignácio de Loyola Brandão foi uma vez para Acopiara e ele ficou tão encantado com a visita que escreveu uma crônica chamada “Mel de Acopiara”, que depois deu nome para um livro que ele publicou. 

>> VEJA TAMBÉM: Sesc e Senac realizam vasta programação na XIII Bienal do Livro do Ceará

Este ano, alguns dos espaços da Bienal são reservados para escritoras mulheres, tradição oral, cordel. Qual a importância de abordar esses temas em um evento do tamanho da Bienal?

Ana Miranda: A Bienal precisa ser inclusiva. Não apenas em relação às pessoas, mas também em relação às artes. Todas essas questões têm relação com o livro, com a fala, com a palavra. O cordel, por exemplo, não é propriamente um livro, mas é um livro. É um livreto feito popularmente e muito tradicional. E os oradores, a oralidade, que também é literatura. A literatura nasceu daquelas rodas, as pessoas contando histórias. Então a oralidade também tem uma relação profunda com a literatura e o livro. Na verdade, engloba tudo. 

Esse ano, diferente de outras edições onde escritores foram homenageados, 3 livros foram escolhidos. Como foi essa decisão?

Ana Miranda: Foi muito difícil escolher os livros. A gente manteve os critérios que são tradicionais na Bienal,  sempre são homenageados três escritores: internacional, nacional e cearense. Nesse ano, resolvemos mudar de autor para livros. E pensamos em livros que fossem realmente significativos e que tivesse alguma relação com o tema “cidade e os livros”, que abordasse a geografia social. E aí foram várias reuniões, várias sugestões, discussões. Até que fechamos nos livros Terra Sonâmbula, de Mia Couto; Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar; e o cearense A Casa, de Natércia Campos, que é uma obra-prima.

Qual o desafio de fazer um evento tão grande como a Bienal e com uma programação densa de 10 dias?

Ana Miranda: Olha, o desafio é de pânico (risos). Já é difícil de você fazer dentro de uma estrutura que já é montada especificamente para isso, como é o caso de Bienal de São Paulo. E ainda estamos passando por um momento difícil para a cultura, uma aversão a ações culturais, como se isso não fosse fundamental para formação da nação. Mas existe uma equipe maravilhosas na Secult, com experiência em produção, que estão conseguindo fazer a logística dessa organização gigantesca. São mais de 300 convidados, quase 30 estandes, muitas pessoas vem do exterior, vem de outros estados. Tudo isso é muito difícil, mas a equipe é grande e tudo está sendo feito de forma muito bonita. Por sinal, toda a identidade visual da Bienal é uma homenagem a Sérvulo Esmeraldo e está ficando muito bonito e vem dando um rosto alegre para o evento. Eu conheço quase todas as bienais do Brasil, mas a do Ceará é a mais linda, alegre, carinhosa, afetuosa, é uma bienal muito acolhedora. E todo mundo vem pro Ceará, quem vem de fora, fica feliz de vir pra cá. E pra mim, é um prazer enorme fazer parte desse projeto.

O que o público pode esperar da Bienal deste ano?

Ana Miranda: O público pode ir a vontade, a qualquer hora. Tem programação para todos os tipos de interesse e para todas as idades: crianças, jovens, adolescentes. Pessoas que não tem relação com literatura, quem tem uma ligação profunda com a leitura, que já são grandes leitores, para todas as pessoas. E tudo é gratuito! É só entrar, é só chegar e entrar. Tem a programação no site, quem quiser, pode organizar a sua própria programação e fazer um roteirinho. Eu já fiz o meu e nem vai dá tempo de ver tudo. É muita coisa. 

>> VEJA TAMBÉM: XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará divulga programação completa; Confira

Serviço:

  • XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará
  • Quando: de 16 a 25 de agosto, das 10h às 22h
  • Onde: Centro de Eventos do Ceará.

Foto destaque: Máximo Moura

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