31 out 2019 | Notícias
Para os poetas, expressar os sentimentos por meio da arte é necessário e urgente. Abordando do amor à ira, as nuances da escrita podem encantar. No Dia Nacional da Poesia, celebrado nesta quinta-feira (31), o site MT apresenta poemas inéditos do escritor cearense Mailson Furtado, ganhador do Prêmio Jabuti em 2018.
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Vencedor do Prêmio Jabuti, Mailson Furtado destaca melhores momentos de 2018
Segundo Mailson, o fascínio pela escrita chegou ainda na infância por meio dos estudos. “No princípio da adolescência veio o interesse mais firme e consciente que me lota até hoje e desde então, nunca deixei de ter a poesia por perto“, afirma.
Seu livro “À cidade” foi destaque no Prêmio Jabuti 2018. A obra com produção independente, revisada e diagramada pelo autor, não foi somente eleita como a melhor de poesia, mas também ganhou a categoria Livro do Ano, honraria máxima da principal premiação literária do país.
Diversas vertentes artísticas são responsáveis por influenciar a obra do escritor. De acordo com ele, a música e o teatro são fontes de inspiração. Mailson também citou autores e artistas que admira e na lista estão presentes Jorge Luís Borges, Gonçalo M. Tavares, Wislawa Szymborska, Paulo Leminski, Gabriel Garcia Marquez, George Orwell e Patativa do Assaré.
“A poesia por vezes há, por vezes não na mesma coisa. Hoje passeio pralém do extraordinário, no infraordinário, naquilo de tão curto pode dizer tanto”
A passagem pela vida no sertão é pauta e pano de fundo para as criações do escritor cearense. “Creio que grande parte da produção de um artista passa pela necessidade dele de fala, e essa, por muitas vezes, é um ato político, também”, diz.
“A poesia me possibilita uma vida pralém dela mesma. Uma vida que não é somente aquilo que vejo ou que me mostram, é uma ver pra dentro, pra diante. Isso me deixa respirar. Deixa-me acreditar em dias mais bonitos“.
*** introspectivas árvores se enfeitam de sol engolem suas sombras de julho à dezembro nuas e caladas por fora lotadas por dentro *** sou menino de rio não de mar não sei pegar ondas não cabem em minhas mãos no rio ninguém pega nada e tudo cabe quando se vê já passou *** as sandálias ao canto guardam teus passos e não sabem pra diante o horizonte guardam caminhos guardam distâncias guardam a próxima esquina guardam o fim do mundo que nelas começa ***
Foto destaque: Aurélio Alves