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Pai e filha, Rouxinol do Rinaré e Julie Oliveira se dedicam à literatura de cordel

24 jun 2020 | Notícias

Por Jacqueline Nóbrega

Rouxinol do Rinaré, nome artístico do cearense Antonio Carlos da Silva, tem uma história consolidada como cordelista no Brasil. São mais de 80 títulos de literatura de cordel em 30 anos de carreira, além de importantes premiações, entre elas o Prêmio Nacional Mais Cultura de Cordel de 2010.

Rouxinol do Rinaré é autor de 30 livros e mais de 80 títulos de cordéis Foto: Reprodução/Instagram

“Minha principal referência de escrita foi meu irmão mais velho, já falecido, chamava-se Severino Batista. Sou de uma época em que o cordel fazia parte de nosso dia a dia, especialmente nos interiores do estado. Na minha infância no Rinaré, ouvia meu irmão mais velho lendo cordéis nas noites de debulhas de feijão, e presenciava também muitas cantorias de viola, e acredito que todas essas vivências fazem parte de minha construção como escritor, como poeta”, contou ele ao Site MT.

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Unifor inaugura primeira Cordelteca de Fortaleza

Se o irmão foi referência, o próprio Rouxinol foi a principal inspiração da filha, Julie Oliveira, editora, pedagoga, produtora cultural e, claro, poeta cordelista. “Cresci vendo meu pai ler, sempre brinco contando que podia faltar qualquer coisa, mas livros nunca faltaram em nossa casa. Atribuo meu gosto pela leitura a essa vivência, pois, nunca precisou que meus pais me pedissem para ler, eles liam. E foi seguindo seus exemplos, que me tornei uma ávida leitora e muito cedo, também escritora”.

Aos 10 anos, ela já havia recebido o primeiro prêmio literário, e aos 11 publicou o primeiro cordel em tiragem comercial. Atualmente com 27 anos e se especializando em literatura brasileira, já tem nove obras publicadas, parte por editoras locais e outras por editoras nacionais.

“Acredito que ser artista sempre foi algo que esteve muito nítido pra mim, na minha maneira de brincar, na criatividade, na vontade de recontar as histórias a meu modo. No cordel, encontrei essa possibilidade e muitas outras”.

Sob encomenda

Além das carreira em paralelo, um dos serviços que pai e filha oferecem em parceria são os cordéis sob encomenda. É o caso do presente especial encomendado por Fernando Travessoni para a publisher do Site MT, Márcia Travessoni, em virtude do aniversário de 32 anos de casamento dos dois, comemorado nessa quarta-feira (24). Julie, no entanto, reforça que esses trabalhos são pontuais e avaliados com cuidado.

“O interessado conta sua história, explicita os detalhes que não podem faltar. Além disso, não abrimos mão de uma boa conversa para que tudo seja descrito exatamente como o sonhado pelo cliente”.

O cordel escrito para Márcia Travessoni é de autoria de Julie. Rouxinol ficou responsável pelos serviçs de edição, revisão e impressão do cordel. A capa foi composta em xilogravura, usando a técnica tradicional (entalhe na madeira) pelo artista plástico Jefferson Campos.

Cordel foi feito por Julie e Rouxinol no formato tradicional. Capa é de Jefferson Campos

Mulheres cordelistas

Julie atua à frente de movimentos ligados ao cordel feminino e destaca a importância dessas mulheres para a literatura de cordel. “A primeira mulher que teoricamente teria publicado um cordel fez isso em 1938, ou seja, em tese, há 82 anos de publicação feminina no Brasil. Em tese porque, a primeira mulher a publicar, no caso, a paraibana Maria das Neves Baptista Pimentel, em razão do preconceito da época publicou o texto sob o pseudônimo de Altino Alagoano (nome de seu esposo), o que nos leva a pensar quantas outras não podem ter feito o mesmo, né?”.

Maria das Neves, aliás, empresta o nome à Cordelteca da Universidade de Fortaleza, inaugurada em agosto de 2019. Julie reforça a importância da conquista. “A esta conquista devemos a criação do projeto e luta da incansável cordelista e médica Dra. Paola Tôrres, aos movimentos de mulheres cordelistas e a referida universidade por concretizar um projeto tão importante para nosso estado e País”.

Julie, à direita, com Alzinete Pimentel e Suely Pimentel, respectivamente filha e neta de Maria das Neves, na inauguração da Cordelteca da Unifor Foto: Reprodução/Instagram

Em um mundo cada vez mais digital, a poeta reforça que o cordel é sinônimo de resistência e versatilidade. O cordel não se resume ao formato tradicional, aquele livreto de 11×16 impresso em papel simples, pelo contrário. O importante é seguir a técnica de escrita. “No aspecto de tecnologia não seria diferente, ela já se reinventou! Hoje temos cordéis em e-book, cordéis ilustrados em diversos formatos (alguns chamam cordelivros), cordéis animados, cordéis em projetos de grafite… Para além dos dispositivos, formatos, o que importa é sua composição, sua estrutura”.

“O cordel possui uma técnica de escrita que inclui regras rígidas como rima, métrica e oração, e esta para nós é uma de suas principais características, o formato pouco importa. Não acreditamos que ‘isso ou aquilo’ descaracterize o cordel. Costumamos pensar que tudo que está vivo muda, transforma-se, renova-se, e assim também é o cordel! É maravilhoso que ele continue existindo em infinitas roupagens”, conclui ela.

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