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Por que Simone Biles desistiu da final olímpica? A importância de saber ‘parar’

28 jul 2021 | Notícias

Por Redação

A ginasta norte-americana Simone Biles era uma das favoritas para conquistar o ouro olímpico (Foto: Reprodução/Instagram)

“Desistir é para pessoas fracas”, “trabalhe enquanto eles dormem” e frases semelhantes são mensagens motivacionais ou pintam um padrão irreal de sucesso? Na terça-feira (27), a ginasta norte-americana Simone Biles, favorita para conquistar o ouro olímpico em Tóquio, comunicou a desistência da final por equipes após erro em um salto na competição. Uma das atletas com mais destaque no esporte, Biles teve o melhor desempenho na classificação da categoria individual geral da ginástica artística. A desistência da jovem de 24 anos gerou uma discussão sobre saúde mental na internet. “Temos que proteger nossas mentes e corpos e não só sair e fazer o que o mundo quer que façamos”, afirmou Simone em coletiva à imprensa.

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Nesta quarta-feira (28), Biles também desistiu de disputar a final individual geral nas Olimpíadas de Tóquio 2020, que acontece na quinta-feira (29). Ela ainda não confirmou se participará nos próximos dias das demais finais para as quais se classificou nesta edição: salto e barras irregulares no domingo (1º), solo na segunda-feira (2) e trave na terça (3).

Simone Biles competiu nas Olimpíadas do Rio, em 2016 (Foto: Reprodução)

Em comunicado oficial, a equipe da atleta afirmou que a jovem está sendo acompanhada por profissionais de saúde. “Após avaliação médica adicional, Simone Biles se retirou da final individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio para focar em sua saúde mental. Simone seguirá sendo avaliada diariamente para saber se irá participar ou não das finais individuais da próxima semana. De coração, nós apoiamos a decisão de Simone e aplaudimos sua bravura em priorizar seu bem-estar. Sua coragem mostra, de novo, por que ela é um modelo para tanta gente”.

Autoconhecimento

Mas, afinal, o gesto da atleta pode servir como lição para nós? Segundo a psicóloga Thaís Leite Moraes, a decisão de Simone pode nos ajudar a refletir sobre a importância de reconhecer nossos limites, de trabalhar a tolerância à frustração e regular as emoções. “Para isso é necessário um processo de autoconhecimento constante”, afirma.

Já a psicóloga Adeliana Falcão aponta que muitas vezes ignoramos os sinais de exaustão de forma inconsciente. “Sinais esses que podem passar despercebidos, naturalizados ou sufocados por sentimentos como o medo do enfrentamento, receio aos julgamentos e lidar com as próprias frustrações. É importante lembrar que essas sinalizações, quando não atendidas, podem promover uma sobrecarga emocional e assim repercutir na qualidade de vida. Entender os nossos limites é fundamental para gerarmos o “freio emocional”, nos responsabilizando pelos nossos “nãos” e racionalizando sobre a nossa humanidade”, comenta.

Simone Biles decidiu priorizar a sua saúde mental (Foto: Reprodução)

Em entrevista coletiva, Simone ainda compartilhou o que sentiu ao competir em Tóquio. “Preciso me concentrar no meu bem-estar, há vida além da ginástica. Infelizmente aconteceu nesse palco. Esses Jogos Olímpicos têm sido muito estressantes. Uma longa semana, um longo ciclo olímpico e um longo ano. Eu acho que estamos todos muito estressados. Nós deveríamos estar nos divertindo e esse não é o caso […] Eu nunca me senti assim antes. Quando eu cheguei aqui eu pensei: a mentalidade não veio”, disse.

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Fracasso X Coragem

Na web, a repercussão da desistência de Simone gerou inúmeros comentários, de internautas que reconheceram a atitude da atleta como um ato de bravura a quem fez críticas por associar a decisão ao fracasso. “As pessoas vão encarar a desistência com as crenças de fracasso e de sucesso que são individuais”, comenta a psicóloga Thaís Leite.

Comentários na web sobre a decisão de Simone Biles (Foto: Divulgação)

Adeliana Falcão também afirma que a resiliência varia de pessoa para pessoa e que não cabe a nós julgar o processo do outro. “Cada um de nós sabe das próprias dores e a forma de como lidar com elas. Não há uma receita de bolo de como ser resiliente, uma vez que a resiliência é construída de forma singular por meio das nossas experiências, nas nossas relações, na interação com o mundo.

“O ato de dizer um não e atender uma necessidade não necessariamente dialoga com a fraqueza, mas com a capacidade de olhar para dentro, compreender o que naquele momento você consegue dar conta e acolher o que aprendeu com essa imersão”,

diz Adeliana Falcão.

Em outra entrevista, Biles falou sobre a importância de “humanizarmos” os atletas. “Não confio em mim tanto quanto antes … Em alguns dias, quando todos falam com você, você sente o peso do mundo. Não somos só atletas. No fim do dia, somos pessoas e, em alguns momentos, você simplesmente tem que dar um passo atrás. Não queria competir, fazer algo estúpido e me machucar. É muito grande, são os Jogos Olímpicos. No fim do dia, você não quer sair carregada numa maca. E você tem que estar lá 100% ou 120% ou vai acabar se machucando”.

Atenção aos sinais

Sintomas físicos antes ausentes, aumento da ansiedade, alterações no sono e no humor podem ser sinais de um desgaste emocional, de acordo com Thaís Leite. Pensamentos autodestrutivos, sensação de incapacidade e pensamentos acelerados são outros alertas emocionais indicados por Adeliana Falcão.

“A ausência de uma auto-observação é promotora muita vezes de uma dessensibilização, na qual não conseguimos entender e atender o que o corpo pede. Nesse caso, estamos sujeito a um acúmulo de necessidades mal ou não resolvidas, promovendo os sintomas físicos através somatizações e as demandas emocionais como insegurança, esgotamento, falta de interesse e baixa autoestima. A rede de apoio é essencial nesse processo, uma vez que é nele que encontramos o suporte de ajuda e cuidado”, orienta Adeliana.

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