27 jul 2021 | Moda
Representatividade, emoção e moda! Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, reagendados para 2021 devido a pandemia da Covid-19, deram start oficialmente no dia 23 de julho, tornando-se um dos assuntos mais comentados na última semana, seja pelas competições ou bastidores do maior evento esportivo do mundo. Os uniformes, como sempre, têm relevância e chamam atenção pelas assinaturas de grifes, como Armani, Ralph Lauren e Skims, da Kim Kardashian, mas trazem a tona, pautas como a sexualização dos corpos femininos, impulsionadas pelo exemplo da equipe feminina de handebol de areia da Noruega que foi punida por se recusar a usar biquínis em uma partida do campeonato europeu, às vésperas dos Jogos de Tóquio.
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Você costuma assistir partidas de vôlei ou handbol de praia? Já reparou na diferença entre os uniformes do time masculino e feminino? Na última quinta-feira (22), pouco antes da abertura dos Jogos, a equipe feminina de handebol de areia da Noruega foi punida pela Federação Europeia de Handebol por se recusar a usar biquínis como uniforme. Com a postura, além de chamarem a atenção para a sexualização dos corpos femininos, as jogadoras também levantaram a questão sobre como as vestimentas esportivas de homens e mulheres são encaradas pela sociedade. A atitude reverbera em Tóquio.
Segundo as regras dos Jogos, as atletas devem competir com o “uniforme pré-estabelecido“, no caso do handebol de areia, o biquíni, e não o shorts – saída proposta pelas norueguesas para evitar exposição excessiva. Assim, diferente de seus colegas do sexo masculino, que quase nunca estão sob os holofotes por conta das roupas, as mulheres enfrentam imposições que, muitas vezes, angariam atenção por meio da hipersexualização.
Para além de ser ou não permitido jogar de biquíni, saia ou calça, o protesto abriu portas para uma importante discussão: é necessário uma mudança de percepção sobre questões de gênero no esporte e que as mulheres tenham, sim, o direito de competir com roupas que sejam confortáveis para elas sem objetificação dos corpos.
Outro destaque da moda em Tóquio são as grifes que assinam os uniformes. Desde as roupas usadas na cerimônia de abertura e encerramento até os uniformes oficiais usados pelos atletas durante as competições, estilistas como o designer americano Ralph Lauren e a marca italiana Giorgio Armani garantem que os atletas sejam vistos com os melhores looks.
Estados Unidos
Fabricado 100% na América, Ralph Lauren foi a marca responsável por criar os uniformes das equipes olímpicas e paralímpicas americanas, segundo a revista Vogue. Com investimento em materiais e práticas de fabricação mais sustentáveis como poliéster reciclado e couro vegetal, David Lauren, diretor de inovação e branding e vice-presidente do conselho, pontuou a necessidade de “abraçar a responsabilidade de proteger o planeta que chamamos de lar”. A etiqueta ainda criou uma coleção a venda no site oficial, cujas vendas serão revertidas para as equipes dos EUA.
Já a Skims, marca de Kim Kardashian, se tornou a primeira marca de loungewear a vestir a seleção dos EUA. A grife forneceu roupas íntimas e pijamas para as atletas femininas da seleção americana. As peças também podem ser compradas no site da marca em apoio aos atletas.
Itália
Giorgio Armani, que desenha uniformes para a seleção nacional desde Londres 2012, veste novamente os times da Itália para os Jogos de Tóquio. “É uma honra e um privilégio vestir as seleções olímpicas e paralímpicas italianas, principalmente nestes tempos. Estamos vivendo um período que exige muito comprometimento. Para sair da situação atual , devemos redescobrir nossa humanidade, lealdade e comprometimento, algo que os atletas fazem todos os dias, dando-nos um excelente exemplo a seguir”, disse o estilista italiano.
O traje by Emporio Armani apresenta a bandeira italiana em formato circular na frente da jaqueta e da camisa. A roupa traz detalhes que celebram o Japão, como a palavra “Italia” escrita em Kanji, o sistema de escrita vertical do país. A versão na cor branca, simboliza a franqueza e enfatiza a pureza dos esportes.
França
O uniforme oficial da equipe da França – próximo país a sediar as Olimpíadas em 2024 – para os Jogos de Tóquio exibe os logotipos de animais da Lacoste e Le Coq Sportif. Os looks são simples e elegantes com blocos das cores do país: azul, vermelho e branco.
Reino Unido
As roupas da Equipe Grã-Bretanha são projetadas por Ben Sherman e homenageiam os uniformes que seus atletas usaram durante os Jogos de Tóquio de 1964. O conjunto combina calças cáqui com jaquetas Harrington e camisas Oxford de botão em marinho, com detalhes como listras vermelhas e brancas nas mangas e o símbolo da cabeça de leão do time. As roupas também são feitas de forma sustentável, usando algodão orgânico e fibra de bambu ecológica. Já as roupas de competição foram desenhadas e patrocinadas pela Adidas.
Entre os uniformes favoritos nas redes sociais está o da Libéria. O designer nova-iorquino Telfar Clemens, filho de pais liberianos, conquistou muitos seguidores para sua marca vegana e neutra em termos de gênero. O criador da “Bushwick Birkin” está fazendo história nas Olimpíadas com seus designs agênero para a equipe nacional de atletismo liberiana de cinco pessoas que representarão o país. Um dos corredores, Emmanuel Matadi, teve a ideia de entrar em contato com Clemens depois de saber das bolsas criadas por ele e desejadas por sua namorada.
Segundo a Vogue, Clemens concordou, apesar do custo e do fato de nunca ter desenhado roupas esportivas. Sem se intimidar com o desafio, Clemens criou 70 peças para a equipe, incluindo moletons, macacões, mochilas e até tênis de corrida. A bandeira da Libéria é exibida em toda parte, junto com o logotipo de Telfar.
Clemens também lançará peças, “inspiradas nas Olimpíadas”, segundo o New York Times, para o público em geral e deve introduzir roupas esportivas em sua coleção principal a partir de então. “São roupas que queremos vender para o resto de nossas vidas”, disse ele.