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Óleos essenciais podem ser ingeridos? Especialistas respondem

18 ago 2021 | Lifestyle

Por Redação

Extraídos de vegetais, os óleos essenciais possuem múltiplos benefícios, seja no combate a doenças físicas, seja no tratamento de questões emocionais como ansiedade e depressão. Mas essas substâncias podem ser ingeridas? Está aí a principal e mais recorrente indagação a respeito do tema. Pois buscamos profissionais ligados diretamente ao assunto que possam responder com segurança e autoridade sobre o uso responsável dos óleos.

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Óleos essenciais: aromaterapeuta orienta dicas sobre produto natural

“Os óleos essenciais podem sim ser ingeridos, mas de forma medicinal, consciente e responsável, sabendo qual o benefício dessa ingestão”, conta a aromaterapeuta Ana Calvet. Ela explica que existem três formas de aplicação dos óleos essenciais e há indicações para cada uma: Inalação resolve problemas de questão emocional; a aplicação tópica alivia incômodos físicos como dores, cortes e ferimentos; e a ingestão é voltada para o tratamento de algumas doenças mais graves. Ana adverte, porém, que há óleos específicos para ingestão e que o uso medicinal só deve ser feito mediante orientação profissional de um aromaterapeuta que já tenha estudos e práticas voltados para a ingestão de óleos essenciais.

A opinião é compartilhada também por Fábián László. CEO do Grupo Laszlo, possui mais de 20 anos de trabalho e pesquisa com óleos essenciais e terapias complementares e integrativas, e foi um dos responsáveis pela inclusão de terapias alternativas como a Aromaterapia no Sistema Único de Saúde (SUS). “A questão não é se pode ou não pode tomar óleo essencial porque pode ser tomado sim. Ele é usado como flavorizante pela indústria alimentícia há mais de um século, em tudo quanto é comida. Bala Halls, Ice Kiss, refrigerante… tudo isso tem óleo essencial. A questão é como tomar para não fazer mal“.

Polêmicas envolvem empresas multinacionais

No Brasil, há uma grande polêmica em torno do assunto, alimentada por empresas multinacionais que fazem a recomendação indiscriminada de óleos essenciais para ingestão, o que tem gerado problemas de saúde em usuários. Como relata Ana Calvet: “A ingestão de óleos essenciais é praticada na França há muitos anos, mas de forma medicinal e 100% diferente de como uma marca de marketing multinível tem divulgado por aí. A quantidade de pessoas com esôfago e estômago queimados por causa dessa desinformação está muito séria”.

“Essa empresa têm uma certificação de pureza que ela mesma auditou. Eles dizem que não, mas aquilo ali é um esquema de pirâmide”, complementa a aromaterapeuta e farmacêutica pernambucana Gorethi Moura, que ministra cursos na área de aromaterapia. “Pode ingerir óleo? Pode. Todo óleo? Não. E os que podem, não são para todo mundo. Tem muitas receitas na internet, a maioria sobre ingestão [de óleos essenciais]. As pessoas não estão preparadas para lidar com isso. Alguém tomou, deu certo, e repassa ‘Você pega tal óleo, usa tantas gotinhas e você vai ficar boa'”.

Segundo Lászlo, o maior descuido na ingestão de óleos essenciais diz respeito às dosagens e ao histórico da pessoa. Ele cita um caso em Belo Horizonte, onde uma mulher chegou a tomar 20 gotas de óleo essencial, passou mal e precisou ir ao hospital. “As pessoas indicam óleo essencial sem nenhum critério para avaliar se aquela pessoa pode tomar, se ela usa uma medicação e indicam dosagens absurdas. Isso tem acontecido mais em marcas multinacionais de fora, o pessoal que vira revendedor tem o foco em vender, o foco não é ser aromaterapeuta para fazer o tratamento. Sei lá de onde eles tiram aquelas informações e começam a indicar 20 gotas”.

Como explica o aromaterapeuta, pessoas que fazem o uso de medicação contra hipertensão, por exemplo, precisam ficar atentas ao usar o óleo de lavanda, pois ele pode baixar ainda mais a pressão sanguínea. “Podemos dizer que estamos vivendo uma experiência científica sem acompanhamento. Realmente tem casos de intoxicação porque nem todo mundo tem cuidado de estudar, ler livros, fazer cursos para saber como indicar”.

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A aromaterapeuta Rafa Frota, que trabalha com óleos de uma empresa multinacional, tem uma opinião divergente sobre o assunto. Apesar de defender o uso moderado dos produtos e a importância da orientação de um profissional, com a indicação de plano de bem estar, ela não vê problema em indicar dosagens altas. “O ideal é que a gente tome no máximo 21 gotas por dia. Se você vai saborizar sua água de manhã, coloca duas ou três gotinhas e já é o suficiente. De tarde, você pode usar mais um pouquinho, à noite mais um pouquinho ou quando você tiver necessidade”.

Sem citar para que doença é recomendado esse tratamento, Rafa chega a prescrever “21 gotas por dia durante 14 dias. Faz uma pausa de uma semana e volta a tomar o mesmo óleo essencial. Se for óleos variados, não tem problema. Se for o mesmo, precisa dar essa pausa de uma semana para o seu corpo absorver os benefícios e respirar”. A profissional comenta que “são óleos puros que a gente tem certeza que pode ingerir e não fazer mal” e o que garante a segurança é uma certificação de pureza desenvolvido pela própria empresa.

A aromaterapeuta Ana Calvet refuta essa ideia e condena o uso de óleos essenciais diretamente na água. “Óleos essenciais, por causa da constituição química, não são diluídos em água. Dessa forma, se tornam extremamente agressivos para o nosso organismo. Corroem. Tem um teste prático: você pingar uma gota de óleo essencial em um copinho de plástico descartável. O óleo essencial corrói aquele plástico, imagine o que ele não faz com as nossas mucosas. Isso é um dado científico, não diz respeito à impureza de óleos essenciais. Quando essas empresas de marketing multinível alegam que o óleo essencial delas pode ser ingerido por ser puro, não é uma informação de peso”.

A sustentabilidade é outro argumento apresentado pela farmacêutica Gorethi Moura para o uso consciente de óleos essenciais. “Se todo mundo decidir ingerir óleo essencial manhã, tarde e noite? Não tem pra todo mundo, porque dependendo do óleo, você precisa de 200 quilos de matéria-prima, às vezes até de uma tonelada, para obter um quilo daquele óleo”.

E qual a forma correta de ingerir óleos essenciais?

Professor de aromaterapia francesa, Lászlo comenta que é preciso entender a história da aromaterapia antes de falar de ingestão. “Quando a aromaterapia surgiu e foi escrito o primeiro livro por René-Maurice Gattefossé na década de 1930, o próprio livro traz várias indicações de uso oral. O uso interno via oral era muito comum, igual tomar um fitoterápico”.

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Enquanto a ingestão para fins medicinais se fortaleceu na França, o uso cosmético se popularizou na Inglaterra com Marguerite Maury. A química cosmetóloga trouxe a aromaterapia holística, ou seja, o conceito do uso dos óleos essenciais para tratar emoções e para tratamento de beleza, nos anos 1970. Assim nasciam as distinções entre as aromaterapias francesa e inglesa.

A partir de estudos da aromaterapia francesa, László recomenda “o uso interno de óleos essenciais para o tratamento de desordens endócrinas, hormonais, dores, inflamações, problemas no sistema nervoso ou situações relacionadas à área gástrica”. Ele destaca ainda necessidade da orientação de um aromaterapeuta que estude ingestão de óleos essenciais e esteja a par do histórico de saúde do usuário.

As formas de ingestão são múltiplas. Na França, conta Ana Calvet, a ingestão é feita “através de capsulas e o óleo é diluído em mel ou em algum óleo vegetal ou outras substâncias que permitem que ele seja dissolvido”. No Brasil, há também chocolates e linhas gourmet de óleos essenciais, registrados na Anvisa como alimentos flavorizantes (que dão sabor à comida), que podem ser adicionados a receitas. Entre os óleos recomendados para consumo, há os sabores de orégano, tomilho, gengibre, limão siciliano, dentre outros.

O que diz o CFM e a Anvisa

Apesar da inclusão de terapias alternativas, como a aromaterapia, no SUS, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionou em 2018 contra o uso dessas práticas no tratamento de doenças, ao afirmar que elas “não apresentam resultados e eficácia comprovados cientificamente”.

O Site MT também entrou em contato a assessoria da Anvisa para entender como os óleos essenciais são registrados no Brasil e se há autorização para ingestão. De acordo com a agência, os produtos podem sim ser considerados cosméticos ou medicamentos, de acordo com a composição.

Um óleo essencial é classificado como cosmético se for constituído “por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais ou protegê-los ou mantê-los em bom estado. Ou seja, nenhum produto cosmético poderá ter indicação terapêutica ou ser ingerido”, diz a nota.

Em relação aos medicamentos, “qualquer produto tecnicamente obtido a partir de espécies vegetais, incluindo os óleos essenciais, pode ser regularizado no Brasil como medicamento, devendo, para isso, ter uma indicação terapêutica ou medicinal, enquadrando-se então na definição de medicamento da Lei nº 5.991/1973. A única exceção prevista é a proibição de óleos essenciais obtidos de plantas de uso proscrito no Brasil por meio das atualizações da Portaria nº 344/1998. A ingestão de óleos essenciais como forma de tratamento terapêutico é permitida pela Anvisa desde que o produto esteja regularizado como medicamento na Anvisa, neste caso, como fitoterápico, de acordo com  o previsto na RDC nº 26/2014“. 

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