22 mar 2023 | Moda
Originária da década de 1990, a técnica tem se popularizado notoriamente na indústria da moda nos dias atuais
Cada vez mais em pauta na indústria da moda, o upcycling é uma técnica originária dos anos 1990 que se fundamenta em dar nova vida e novo propósito para qualquer material já existente que seria descartado, sem alterar a composição e a qualidade do produto. Algumas marcas nacionais já fazem uso do método por, em grande parte, buscarem alternativas mais sustentáveis na produção de itens do vestuário, visando incentivar um consumo mais consciente.
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Para se chegar a algo novo durante o processo criativo da técnica, é necessário usar a imaginação e a inovação, uma vez que os produtos gerados a partir do upcycling precisam obrigatoriamente ter uma função igual ou superior a do material original. Thaís Grangeiro, designer de moda e consultora de imagem e estilo no Studio Degradê, explica que, na moda, o método surge como uma ferramenta de reaproveitamento de materiais, como aviamentos, tecidos e até roupas já existentes.
“Foi só de alguns anos pra cá que algumas marcas e designers resolveram, de fato, colocar em prática a técnica, recolhendo materiais que seriam descartados de suas fábricas e os transformando em novos e super interessantes produtos. Já existem até mesmo marcas que utilizam pedaços reaproveitados das coleções anteriores para criar novas coleções totalmente únicas e inusitadas, como aconteceu com a Louis Vuitton, em 2020, na coleção Be Mindful“, pontuou Thaís.
A pandemia da Covid-19 acelerou a difusão do upcycling na moda, uma vez que as pessoas precisaram ficar confinadas em casa e passaram a buscar alternativas de atividades para passar o tempo. “Muitas pessoas acabaram aderindo ao DIY (faça você mesmo, em português), movimento anticonsumista que propõe a criação de objetos que você mesmo é capaz de construir, sem ajuda profissional e sem necessariamente precisar comprar novos materiais”, explicou a designer.
As redes sociais também foram essenciais para difundir a técnica na moda, já que, no mesmo período, vídeos de DIY se tornaram tendência nos mais diversos meios digitais, como Instagram e TikTok, fazendo com que o upcycling abrisse caminho para ser mais conhecido, saindo da bolha dos que usam a sustentabilidade ligada à moda. Para além de sustentável, Thaís considera o método fundamental no que diz respeito ao processo produtivo de itens do vestuário.
“Infelizmente, a indústria da moda possui um processo produtivo complexo que necessita de grandes quantidades de água, produtos químicos e energia, sendo nocivo para o meio ambiente. O upcycling surge como uma solução que vem sendo cada vez mais estudada e desenvolvida por designers, empresas e pela população em si. Além de ser uma prática que estimula as pessoas a reaproveitarem as peças que já possuem no guarda-roupa de uma maneira criativa”, esclareceu a especialista.
O upcycling na moda também pode gerar impactos diretos na economia. “Quando falamos sobre a técnica, estamos falando sobre um processo que percebe os resíduos como insumos e não como lixo. Assim, a economia linear, que visa a produção, comercialização, consumo e, por fim, o descarte, passa a dar espaço para uma economia que valoriza o reaproveitamento e o trabalho artesanal, colocando a roupa de volta no ciclo produtivo, prolongando, assim, a vida útil dela”, explicou a designer.
A técnica, segundo Thaís, costuma caminhar lado a lado com outros movimentos de sustentabilidade na moda, como o slow fashion e o eco fashion (moda lenta e moda sustentável, em português), uma vez que o processo criativo do upcycling não se utiliza de produtos químicos na transformação dos materiais e reduz significativamente o uso de água e energia. Mesmo que tenha se originado na década de 1990, o método vem sendo mais explorado atualmente no mercado internacional e nacional.