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Lucinaura Diógenes ressignifica a dor e conforta corações no Instituto Bia Dote

14 set 2020 | Notícias

Por Cintia Martins

A psicóloga Lucinaura Diógenes fundou, em 2013, o Instituto Bia Dote (IBD), organização não-governamental de trabalho preventivo ao suicídio e de valorização da vida. Em entrevista ao Site MT, a fundadora e presidente da instituição conta como ressignificou a dor familiar confortando corações a partir do trabalho desenvolvido pela instituição, que presta apoio psicológico a quem precisa e divulga informações sobre saúde mental e autocuidado, temáticas centrais nas discussões durante o Setembro Amarelo

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Pesquisadora em Suicidologia com capacitação em primeiros socorros psicológicos e em abordagem de manejo e luto, Lucinaura entrou na faculdade de Psicologia em 2015, depois da criação do Instituto, para poder atuar também nas clínicas de apoio psicológico. Confortando os corações daqueles que procuram o instituto e atuando na prevenção do suicídio, a mãe ressignifica a perda precoce da própria filha, Bia Dote.

“O Instituto foi criado com o propósito de ressignificar a vida a partir do luto e da morte de Bia por suicídio. O IBD tem origem já em 2008, com nossa história atravessada por esse fenômeno. A partir da nossa vivência e do que passamos e sentimos, e como esse fenômeno nos afetou, de forma tão trágica, violenta, avassaladora e inesperada, é que despertamos sobre a questão do suicídio e decidimos criar a instituição”, recorda a psicóloga. 

Prevenção e desconstrução

O IBD trabalha o ano inteiro com a temática da saúde mental em quatro eixos diferentes: prevenção do suicídio através da informação; oferta de serviços psicólogos com atendimento individual ou em grupos; pósvenção do suicídio – ações voltadas para familiares que perderam alguém por suicídio -; e intervenções urbanas, sociais e comunitárias abordando a questão da saúde mental, por meio de expressões artísticas, segundo explica a presidente da instituição. 

Após perder a filha Bia Dote, que cometeu suicídio, Lucinaura criou o Instituto voltado para os cuidados com a saúde mental e passou a estudar Psicologia. (Foto: Alex Campêlo)

“Iniciamos nossas atividades a partir do lema ‘prevenção se faz com informação’, abordando a questão do suicídio em palestras para pais, professores e cuidadores sobre prevenção. Buscamos conscientizar e minimizar os preconceitos em torno do tema, uma vez que havia uma grande dificuldade por parte das pessoas em falar sobre o assunto ou até mesmo receber um informativo sobre o tema. Havia uma rejeição muito grande, mesmo assim nos propomos a usar a terminologia suicídio para desconstruir tabus e preconceitos”, conta. Atualmente, o Instituto Bia Dote presta serviços em escolas, universidades e instituições que desejem receber orientações sobre saúde mental. 

Lucinaura destaca a importância do autocuidado na busca pela saúde mental, missão que faz parte da filosofia do IBD. “A nossa intenção é aumentar a consciência pública sobre a importância do autocuidado e a importância de manter as relações interpessoais harmoniosas. Aqui, estimulamos hábitos de vida saudáveis e buscamos contribuir com uma sociedade mais empática que respeite as diferenças”, acrescenta. 

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Arte terapia

De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio deve ser considerado um problema de saúde pública e afetou 800 mil pessoas no mundo em 2019, 11 mil apenas no Brasil. Quebrar o tabu sobre esse tema histórico e que afeta tantas pessoas, por meio da arte, tem sido uma das ações de prevenção adotadas pela fundadora e presidente do IBD. 

Com intervenções artísticas e literárias, a instituição ultrapassa os muros da clínica e interage com a comunidade em espaços públicos. Um exemplo é a oficina Palhaçaria e Potência de Vida, projeto artístico desenvolvido pela entidade em parceria com o artista Alysson Lemos, que busca utilizar recursos e processo criativos, expressivos e artísticos encontrados na palhaçaria para trabalhar a valorização da vida junto a adolescentes. 

Projeto artístico do Instituto Bia Dote, a oficina de Palhaçaria e Potência de Vida é desenvolvida em escolas de Fortaleza. (Foto: Reprodução/Instagram) 

“O projeto é desenvolvido em escolas públicas e instituições não-governamentais. O grupo de alunos que participa dessa oficina multiplica o projeto dentro das escolas e passa para outras pessoas”, diz a psicóloga. O Instituto também desenvolve atividades literárias por meio de indicações e resenhas de livros, projeto em parceria com Alice Dote, também filha de Lucinaura. 

“As atividades artísticas possibilitam que cada pessoa tocada por aquela ação expresse a versão da própria sensação, da própria percepção; qual a emoção que emerge, quando é tocado por uma performance. Por exemplo, quando a performance Fôlego chega a um espaço como uma feira livre e o artista pergunta ‘o que te dá fôlego de vida’, disso emergem muitas possibilidade de falas”, analisa. 

A intervenção urbana Fôlego leva vida aos espaços públicos de Fortaleza. (Foto: Reprodução/Instagram).

A intervenção urbana folêgo é desenvolvida desde 2017 em parceria com o artista Alysson Lemos. Segundo Lucinaura, a performance busca, por meio da arte de rua, trabalhar as redes de afeto e de apoio que dão “fôlego à vida”, levando balões amarelos em alusão ao Setembro Amarelo, para espaços públicos de Fortaleza.

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Setembro amarelo

Campanha nacional de valorização a vida, o Setembro Amarelo, segundo Lucinaura, visa fomentar uma conscientização sobre o suicídio a fim de minimizar os tabus e preconceitos sobre o tema. A psicóloga afirma que durante este mês aumenta a procura por atendimentos, apresentações de palestras e participações em eventos com foco na saúde mental, o que requer um maior investimento, dedicação e esforço da instituição para atender as solicitações. Entretanto, ela chama atenção para o cuidado ao tratar o tema a fim de não banalizar a discussão, especialmente no âmbito digital.

Além de atuar na prevenção do suicídio, o trabalho de Lucinaura e do Instituto Bia Dote visa desconstruir os preconceitos e tabus em torno do tema. (Foto: Alex Campêlo)


“A prevenção do suicídio deve ser feita em rede com a participação de todos, contudo é necessário ter cuidado com a banalização do tema nas mídias sociais, por meio do compartilhamento de postagens inadequadas que pouco contribuem para a prevenção efetivamente. É muito preocupante quando falas não são congruentes com ações ou quando pessoas oferecem ajuda, mas não estão preparadas psicologicamente ou emocionalmente para ajudar quem está em crise”, defende.

Ela reforça que é preciso trazer o tema para dentro de casa e para as relações sociais. No entanto, a discussão precisa sempre ser pautada no que é científico. “Não adianta oferecer ajuda e afirmar que o suicídio é falta de Deus ou que é para chamar atenção”, aponta.

Lucinaura defende ainda que a sociedade precisa entender que quem está com pensamentos suicidas, muitas vezes, sofre com algum tipo de transtorno mental. Nesse aspecto, a psicóloga reconhece a importância do Setembro Amarelo por despertar na sociedade a necessidade do autocuidado. Entretanto, reitera que a campanha precisa ser pensada o ano inteiro, por meio de políticas públicas mais efetivas.

“A campanha ensina como perceber quando alguém pode precisar de ajudar, contudo precisa informar melhor locais onde procurar orientação profissional, importante para quem está com pensamentos suicidas, na maioria das vezes as pessoas não sabem onde procurar ajuda. A questão do suicídio precisa estar presente nas políticas públicas, uma vez que é um problema de todos, mas deve ser pensado no âmbito da saúde pública para que a população entenda que é um direito à saúde básico”, reivindica. 

Serviço 

Instituto Bia Dote

  • Avenida Barão de Studart, 2630, sala 1105, Joaquim Távora 
  • Aberto de segunda-feira a sexta-feira, de 8h às 17h
  • Contatos (85) 3264-2992 e (85) 99842-0403
  • Atendimento por lista de espera  

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