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Outubro Rosa: porque o câncer de mama é tão letal e onde buscar tratamento

28 out 2020 | Notícias

Por Yohana Capibaribe

Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 66,2 mil mulheres devem ter câncer de mama no Brasil em 2020. Somente no Ceará, a estimativa é de 2.510 novos casos este ano, o que corresponde a 53,35 mulheres diagnosticadas com câncer de mama para cada 100 mil habitantes, ou 19% de todos os casos da doença no Nordeste. Apesar de curável, o câncer de mama é o mais letal para o sexo feminino dentre todas as neoplasias (ou tumores, na definição médica), e um único mês parece não ser suficiente para reverter esta situação.

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Outubro rosa: como apoiar mulheres em tratamento contra o câncer de mama

Dificuldade de conseguir a mamografia, encaminhamento médico inadequado e falta de conhecimento dos fatores de risco atrasam a detecção do nódulo e dificultam  o início do tratamento. Para o oncologista Luiz Gonzaga Porto Pinheiro, que é presidente do Grupo de Educação e Estudos Oncológicos (Geeon), um dos maiores problemas enfrentados é, justamente, colocar a paciente no caminho do diagnóstico.

“Qualquer mulher que apresente uma queixa de secreção pelo mamilo, vermelhidão e dor localizada, sintomas que podem sugerir câncer de mama, deve ser bem orientada no atendimento de saúde básica para ter o tratamento o mais rápido possível. Ela não sabe que tem câncer”, esclarece o médico.

“Infelizmente, das centenas de unidades básicas que temos, nem todas estão preparadas para fazer a navegação (orientar o paciente para o diagnóstico) adequada. As pacientes retardam muito, desde procurar o atendimento na unidade básica até chegar a um mastologista”, pontua.

Dr. Porto ressalta que, com os avanços da Medicina, há 90% de chance de cura da doença, o que reduz um pouco a letalidade. Mas para isso, é necessário receber o diagnóstico no início da doença, o que não ocorre sempre.

Fatores de risco

A recorrência do câncer de mama está relacionada aos fatores de risco. De acordo com o cirurgião, pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Diego de Aragão Bezerra, especialista em cirurgia oncológica, os tumores estão mais relacionados com o estilo de vida da paciente. “Obesidade, sedentarismo, má alimentação são alguns dos fatores. Como é muito frequente, tem uma mortalidade elevada”, declara. O pesquisador também destaca a prevenção – primária, secundária e terciária – como forma de combater a evolução da doença.

Dificuldade de conseguir a mamografia, encaminhamento médico inadequado e falta de conhecimento dos fatores de risco são obstáculos ao diagnóstico precoce do câncer de mama. (Foto: Reprodução/ Geeon)

O histórico familiar, acrescenta o Dr. Porto, também está fortemente relacionado à alta incidência do câncer de mama no Ceará. Segundo dados do Inca, entre 1998 e 2018, 9,12 mil mulheres morreram no estado em decorrência do câncer de mama, índice que é o terceiro maior do Nordeste, atrás apenas da Bahia (12,1 mil) e de Pernambuco (10,9 mil).

“Temos um contingente de mulheres com o mesmo histórico de câncer de mama. Estamos fazendo pesquisas para tentar entender porque tantas mulheres jovens têm câncer de mama no Ceará, é mais do que a média do Brasil”, detalha Porto.

Para o presidente do Geeon, “todo mês devia ser outubro rosa”. “Ajudar mais na educação das mulheres dos fatores de risco. Elas têm que conhecer as mamas tão bem quanto as pontas dos dedos”, afirma. Pensando nisso, o Geeon está produzindo o piloto de um aplicativo para celular com a proposta de ajudar as mulheres a avaliarem se elas se encaixam nos fatores de risco. “Se elas tiverem acesso às informações, um aplicativo que permita calcular o risco, isso vai colocá-las na linha de frente”, declara.

Fatores de risco para o câncer de mama, conforme o Inca:

  • Mulheres com mais de 50 anos
  • Histórico familiar
  • Primeira menstruação precoce (antes dos 12 anos)
  • Primeira gravidez após os 30 anos
  • Doses altas ou moderadas de radiação ionizante
  • Menopausa tardia (após os 55 anos)

Atendimento

Após os primeiros indícios de câncer de mama, a mulher deve buscar atendimento em unidades de saúde básica, como os postos de saúde. Depois da orientação médica sobre as queixas mamárias, elas são encaminhadas para o atendimento secundário, as policlínicas, locais que realizam a mamografia. Com o diagnóstico, a paciente deve iniciar o tratamento em instituições de saúde adequadas.

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“O tratamento é de acordo com o quadro de cada paciente. Ela já pode fazer o tratamento cirúrgico da mama ou também pode passar por quimioterapia, hormonioterapia e radioterapia”, explica Dr.Porto.

“Há uma lei federal que afirma que a mulher deve começar o tratamento em no máximo 60 dias após o diagnósticos, mas ainda há um percentual de 30% das mulheres que não conseguem iniciar o tratamento, têm uma dificuldade de começar”, lamenta o especialista

Segundo ele, há também a lei dos 30 dias sobre os sintomas mamários, que determina o prazo de um mês para que a mulher receba o diagnóstico. “Mas demora bem mais que isso, às vezes meses”, relata o médico sobre os problemas que agravam a letalidade do câncer.

Para o presidente do Geeon, Dr. Porto, “todo mês deveria ser outubro rosa”. (Foto: Divulgação)

No Ceará, conforme Dr. Porto, não há mastologistas suficientes no atendimento secundário para realizar o encaminhamento para o tratamento. “Estamos no preparando para suprir, mas é uma dificuldade muito grande, o início do tratamento depende do especialista”, afirma.

Onde buscar tratamento

O primeiro passo no diagnóstico e tratamento do câncer de mama é buscar atendimento em um posto de saúde e solicitar o exame de mamografia. Os endereços dos 116 postos de saúde de Fortaleza podem ser consultados no site oficial da prefeitura.

O exame de mamografia é ofertado em 11 unidades, entre clínicas e hospitais de Fortaleza. Entre eles estão o Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann (Hospital da Mulher) e os Hospitais Distritais Gonzaga Mota da Barra do Ceará e Messejana. A Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota, que o Município ampliará a oferta de exames nas Policlínicas do Passaré e Bonsucesso, nas Regional VI e V.

Após o diagnóstico positivo, as mulheres são encaminhadas para operação em um dos hospitais conveniados: Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Santa Casa de Misericórdia, Hospital Fernandes Távora, entre outros.

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