14 set 2020 | Entretenimento
Desde março sem funcionar no ambiente presencialmente devido à pandemia do novo coronavírus, o Espaço Cultural Unifor reabre ao público com exposição inédita do artista cearense Stênio Burgos, realizada pela Fundação Edson Queiroz (FEQ). Intitulada “Realtopia”, a mostra que reúne 70 obras do artista, terá uma abertura virtual no dia 22 de setembro, às 19h, nas plataformas digitais da Universidade de Fortaleza (Unifor). E seguirá em cartaz presencialmente até 20 de dezembro de 2020. A exposição tem o patrocínio da Ticket, apoio de Sistema Verdes Mares e Minalba e apoio cultural da Claro.
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“A exposição de Stênio Burgos marca a reabertura do Espaço Cultural Unifor, após o período de isolamento social, em razão da pandemia de Covid-19. Em obediência aos decretos governamentais e seguindo rigorosos protocolos de segurança, esperamos que o visitante desfrute com tranquilidade a mostra de Burgos, que apresenta o universo particular desse expressivo artista cearense, com obras carregadas de cor, sentimento e emoção”, comenta o vice-reitor de Extensão da Universidade de Fortaleza, professor Randal Pompeu.
Desobediência impulsiva e criativa que resulta na expressão de uma sensualidade colorida e vibrante. Assim pode ser descrita a arte de Stênio Burgos. “Ao transformar a tinta em espiritualidade, Stênio Burgos encontra a essência de sua busca: a consagração da Vida. Ecoam como poemas, como canções. Um irresistível chamado para amar e defender a natureza, revelando o Ceará que nos enaltece”, ressalta a curadora da mostra, Olga Paiva.
Natural de Crateús, interior do Ceará, José Stênio Burgos é graduado em Arquitetura e Urbanismo. Nos anos 1980, estudou desenho e pintura na instituição Estudi Chelsea, em Barcelona (Espanha), onde participou de uma mostra coletiva na sala Santi Jordi. Nas últimas duas décadas, Burgos desenvolveu uma profunda relação com a Holanda, país em que esteve por diversas temporadas, algumas exclusivamente para pintar.
Admirador da tradição pictórica holandesa e fã das tintas produzidas por lá – que são as que mais usa – Stênio, conscientemente ou não, também foi aos poucos se aproximando das temáticas típicas dos grandes mestres do local: a natureza morta (também conhecida como stilleven, termo inclusive cunhado pelos holandeses), os arranjos florais e as paisagens domésticas. No seu caso, essas últimas possuem a marca de atrair o olhar para o exterior, retratando vistas da janela ou do jardim – como nas séries feitas na rua Rozengracht, em Amsterdã, e em Zeeland, província no sul da Holanda.
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Nada é fictício ou imaginário nos quadros de Stênio Burgos. A pintura destila a poesia do dia a dia e faz com que o espectador passe a ver com outros olhos o que antes talvez não lhe chamasse a atenção: a exuberância colorida de um vaso com flores, as sinuosas curvas de objetos dispostos sobre uma mesa ou até a simplicidade de uma árvore perdendo as folhas. Por meio das pinceladas vigorosas, o artista narra momentos vividos e revela detalhes que poderiam passar despercebidos pela aparente banalidade, mas que se tornam únicos em suas telas.
Entre as muitas obras de “Realtopia”, a presença de Burgos é exposta e sublinhada na altura de seus feitos: incontáveis autorretratos do artista dão conta de como o tempo e as marcas da odisseia pessoal foram redesenhando sua figura. Pode-se reparar, ainda, que os retratos estão sempre a vigiar o mundo, assumindo posição quase de espelho, e que parecem guardar a sensibilidade e os temores de alguém que não quer sua travessia apagada após o fim – características que ressoam humanidade em quem as observa.
Além da mostra de Stênio Burgos, nas galerias térreas, segue em cartaz, nas galerias superiores do Espaço Cultural Unifor, a exposição “Da Terra Brasilis à Aldeia Global”, com obras da Coleção Fundação Edson Queiroz.
Exposição Stênio Burgos – Realtopia