13 mar 2019 | Galerias
Contar a história da Edisca é contar a história de três irmãos – Cláudia, Dora e Gilano Andrade – que romperam barreiras sociais, econômicas e políticas pelo compromisso de oferecer oportunidade a quem mais precisa. Durante o ensaio geral do novo espetáculo de dança da organização, “Estrelário”, terça (12), o que pudemos perceber é que a Edisca, muito além de oportunidade, oferece a crianças e jovens de comunidades carentes a esperança de um futuro melhor.
Antes de apresentar os 17 bailarinos que performaram no palco do Teatro Edisca um embate dançante entre o céu e a terra, entre o humano e as entidades do divino na natureza, Dora Andrade conversou com a imprensa. “É um trabalho bastante desafiador. Eu sinto hoje uma alegria imensa de estar apresentando para vocês a décima geração de bailarinos formados por essa organização. É possível dizer que a missão da Edisca nunca foi e jamais será formar bailarinos, mas como nosso trabalho em dança é bastante consequente, esse reconhecimento vem”, revela.
Para Gilardo Andrade, responsável pela coreografia do espetáculo junto com as irmãs Dora e Cláudia Andrade, pensar o Estrelário é pensar a história de luta da Edisca, que desde 1991 mantém projetos sociais voltados para as áreas artística e pedagógica. “Estou na Edisca desde o começo. Tudo começou no quintal da casa, com a nossa primeira academia. Em determinado momento, a gente teve a oportunidade de convidar crianças de uma favela para participar das nossas aulas. Aquilo foi um choque muito grande. Essas crianças tinham um potencial muito forte“, conta.
Segundo ele, formar a décima geração de bailarinos é um reflexo do empenho da Edisca em romper as barreiras dos estereótipos. “A gente abre uma ruptura nisso e mostra que é possível sim, que essa criança ou adolescente da periferia é talentoso, é inteligente, gosta de estudar, gosta de conhecimento, gosta de coisas de qualidade sim e, o mais importante, tem direito a isso”, completa.
TRANSFORMANDO VIDAS
“Foi a melhor sensação da minha vida até hoje”, é assim que a bailarina e professora de Balé Darliane Sabino, de 23 anos, define o dia em que descobriu ter passado no teste de seleção da turma de balé da Edisca, há 16 anos.
Uma das estrelas do espetáculo “Estrelário”, Darliane chegou à organização quando morava na comunidade do Alvorada, localizada próximo ao bairro Edson Queiroz. Em uma família de três filhos e uma mãe solteira, sem perspectivas, ela encontrou na Edisca a chance de mudar sua vida para sempre.
“Desde quando eu entrei, surgiram várias oportunidades, porque a Edisca nos proporciona isso. A gente tem a oportunidade de ir para outros lugares, conhecer outras nações, ter contato com outros tipos de dança… agrega muito a você”, destaca.
Ansiosa para entrar no palco, Darliane nos conta que o “Estrelário” é muito mais que um espetáculo. “Você não carrega só o peso de ser uma coisa bonita para mostrar as pessoas, é um peso de mostrar para todo mundo que você é capaz, que crianças de dentro da favela conseguem fazer algo bonito e aquilo afeta não somente o senso estético mas o pensamento das outras pessoas”, diz.
ASSISTA
O espetáculo “Estrelário” tem duração de 40 minutos e será apresentado ao público nos dias 14, 15 e 16 de março, no Teatro Edisca (R. Des. Feliciano de Ataíde, 2309 – Parque Manibura). O ingresso vale uma lata de leite e será disponibilizado para troca nos dias das apresentações, na portaria do Teatro, mediante apresentação de documento de identidade.
Veja fotos da performance, por Alex Campelo: