Márcia Travessoni – Eventos, Lifestyle, Moda, Viagens e mais

Depois de oito anos como prefeito e primeira-dama de Fortaleza, Roberto Cláudio e Carol Bezerra, respectivamente, estão passando uma temporada em São Paulo, desde janeiro deste ano, com foco em estudos. Os planos, no entanto, não eram esses, mas com a pandemia, a família – que ainda inclui as duas filhas do casal, Isabela e Roberta Bezerra -, teve que se adaptar e agora desfruta de um novo convívio longe da terra natal. 

Inicialmente, o médico e ex-gestor municipal embarcaria para os Estados Unidos para dar continuidade aos estudos. “O consulado não estava abrindo para conceder o visto de estudante”, contou Carol em entrevista por telefone, durante um período de férias na capital cearense. O plano B, então, foi se mudar para a capital paulista, onde hoje Roberto Cláudio faz pós-doutorado na área de Economia Política na Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Tirando umas férias longe [de Fortaleza] conseguíramos estudar mais, viver um tempo maior em família, sem tantos compromissos, e como o Beto tinha o convite do pós-doutorado, acabamos escolhendo São Paulo”, lembra Carol. 

No primeiro momento, a ex-primeira dama ia aproveitar a temporada para descansar, mas confessa que devido à vida muito ativa que tinha antes, não conseguiu parar totalmente. Os primeiros dias em São Paulo foram para organizar a vida das filhas, que continuaram estudando virtualmente em uma escola de Fortaleza.

“O Beto já estava trabalhando, fazendo o pós-doutorado, assistindo aula, escrevendo alguns artigos para jornais, e com algumas reuniões de trabalho também. Ele já estava com a vida bem ativa em casa”, explica. Formada em Administração, Carol Bezerra cursa Psicologia na Universidade de Fortaleza (Unifor), também por meio de aulas online. Mas ela ainda sentia falta de algo.

Na gestão de Roberto Cláudio como prefeito de Fortaleza, entre 2013 e 2020, Carol teve um trabalho exitoso na área da primeira infância, o que resultou, entre outros projetos, na criação do  programa “Cresça com seu filho – Criança feliz”, ainda em 2013. A iniciativa inspirou o programa do governo federal de atenção a essa faixa etária infantil. Em 2019, ela foi convidada para atuar como Acadêmica Visitante na Universidade de Columbia (EUA), uma das principais instituições mundiais em pesquisa sobre primeira infância e educação infantil. Mais do que um trabalho como figura pública, a primeira infância se tornou a grande motivação de Carol.

“Eu não queria sair da área que era a minha grande paixão. Liguei para um pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, que é uma das grandes referências de avaliação de qualidade da educação infantil no Brasil e me voluntariei para ficar trabalhando no Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da instituição, e lá hoje estou de voluntária”, conta ela. 

 

Ainda na USP, a cearense desenvolve atualmente um trabalho com foco no estudo socioemocional junto à professora Ana Luiza Colagrossi, referência na área. “Nós temos conversado muito porque penso que o socioemocional é algo que vai ser muito necessário nas escolas. Tanto dentro como fora das escolas, principalmente devido à situação que vivemos hoje. Também estou fazendo consultoria de políticas públicas em primeira infância”, relata, celebrando a conquista de continuar atuando e estudando na área com a qual se identifica. 

“Em alguns locais como voluntária e em outros não. Estou satisfeita no meu trabalho, no que eu sempre gostei de fazer, que é unindo educação, abordagem socioemocional, avaliação de qualidade e políticas públicas em primeira infância”, completa. 

Rotina em casa

Mesmo envolvida em muitos projetos, a administradora está de home-office, o que a permite organizar melhor a agenda e dedicar tempo de qualidade às filhas e ao marido. “A pausa foi algo necessário porque, por mais que já fôssemos muito voltados a elas, nossa vida era mais agitada”, lembra a ex-primeira dama, referindo-se à rotina em Fortaleza durante a gestão do marido como prefeito da capital cearense.

Na mudança para São Paulo, o casal priorizou a adaptação das filhas especialmente na nova rotina escolar, que passaria a ser totalmente remota. “Uma mudança já é desafiadora para a família, principalmente quando envolve crianças. Eu e Beto sempre tivemos uma capacidade de virar a chave muito rápido, se adaptar ao novo, e a criança também tem, mas precisamos compreender o momento delas. Elas estão longe das amigas, é um novo estilo de vida, a escola é virtual… Não tem interação a não ser em um clube, onde elas fazem várias atividades, mas não constroem laços como na escola”, comenta.

Com o afrouxamento das regras de isolamento social na capital paulista, a família Bezerra consegue aproveitar momentos em espaços abertos de São Paulo, como os parques, além de receber visitas de Fortaleza quase todos os fins de semana. “Está muito gostosa a rotina! De união, ensinar a tarefa bem de perto, acompanhar a vida escolar, brincar, jogar, assistir filme. Nós tínhamos isso antes, mas não com essa intensidade. No começo é sempre mais difícil, mas encontramos uma nova dinâmica. Quando nos estabelecemos nela, curtimos bastante”. 

Ficar longe da família durante a segunda onda da pandemia de Covid-19 que o Brasil enfrentou, nos primeiros meses de 2021, foi um desafio que exigiu serenidade da família, mas pelo qual eles conseguiram passar, uma vez que já estavam isolados há muito tempo, como medida de precaução. “Sentimos muito mais a mudança da cidade, mas por conta do lockdown, íamos ficar só nós de qualquer maneira. Sempre tínhamos medo de alguém adoecer, claro, e termos que voltar correndo, mas graças a Deus não aconteceu”, diz Carol, aliviada.

Jornada a dois 

Carol relembrou ainda o início do namoro com Roberto Cláudio, quando ela tinha apenas 16 anos, e confessa que naquela época nunca imaginou que o marido fosse seguir carreira política. “Ele ia ser médico e quando estávamos perto de casar, houve essa mudança de planos. Realmente eu não esperava, e no começo fiquei assustada, mas como era algo de que ele gostava muito, resolvi ir junto com ele. Acabei me encantando pela política, e gosto bastante, mas não para mim”, confessa.

Por enquanto, os planos da família são de voltar a Fortaleza em agosto deste ano, e Carol celebra esse novo momento que vive, que define como um período de atualização e mudança. “Como eu estou em grupo de pesquisa, de universidade, ligada a professor universitário, trabalhando em políticas públicas, é um contexto em que chegam muitas informações. Está sendo inspirador ver todas essas coisas novas”, finaliza.