8 mar 2020 | Notícias
Por ter convivido até a idade adulta com três idosas, as duas avós, Zabilinha e Filó, e uma tia-avó, Raquel, Zilma Cavalcante, fundadora da Universidade Sem Fronteiras, foi inspirada a ter um olhar mais sensível e profundo sobre a velhice. “Elas três fugiam completamente do modelo de idoso de seu tempo. Nessa época os idosos eram mais acomodados, não saiam de casa, sempre numa cadeira de balanço e o mundo era restrito à família”.
Zilma formou-se em serviço social e, na época, fez uma pesquisa sobre “como vive o idoso em Fortaleza” para o trabalho de conclusão de curso. Foi uma pesquisa pioneira, em que ela descobriu um alto nível de marginalização social dos idosos. Eles tinham apenas dois espaços sociais: a Igreja e a família.
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Escolheu a cidade de Lyon, na França, para cursar mestrado e doutorado, pois na época o país era o berço da gerontologia. De volta à Capital, idealizou um programa de gerontologia educacional para idosos e se tornou docente na Universidade Estadual do Ceará. Também criou um grupo de estudos e formou, assim, a primeira equipe de professores da Universidade Sem Fronteiras.
Com 33 anos de história, a iniciativa é referência nacional e a grande missão de vida de Zilma. “Trata-se de um projeto de educação contínua e de lazer para as pessoas que estão no processo do envelhecimento. Ele também se transformou em projeto de vida para a maioria dos idosos que abraçaram essa nova maneira de envelhecer”, contou ela.
As memórias da Universidade são muitas. Ela conta que os alunos chegam tímidos, inseguros e, gradativamente, a autoestima começa a ser reconstruída. “Nos sensibilizamos, por exemplo, quando eles dizem: ‘aqui é meu segundo lar’, ou, ‘eu sou uma antes e outra depois de vir aqui. Algumas chegam depois de perdas: o marido, um filho, a aposentadoria, uma doença e, aos poucos, vão descobrindo que a vida vale a pena ser vivida, apesar das perdas, das dores e da vida idosa“.
Uma das homenageadas com o Prêmio RioMar Mulher no próximo dia 12 de março, Zilma afirma que o legado da Universidade Sem Fronteiras continuará com duas dos três filhos. “Maria Cecília e Maria Izabel estão totalmente engajadas nas atividades e tiveram formação especializada na área, ao nível de pós-graduação”.