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Sérgio Moro não vê candidatura em 2022, mas quer ‘permanecer no debate público’

13 ago 2020 | Poder

Por Redação

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, participou, nesta quinta-feira (13), de uma live do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) do Estado do Ceará. No encontro virtual, ele informou que atualmente não projeta candidatura nas eleições de 2022, mas garantiu que tem vontade de “permanecer no debate público”. Ainda na transmissão ao vivo, o jurista falou que tem dúvidas sobre o espírito reformista do Governo Federal, fazendo menção às reformas tributária e administrativa, que, na opinião de Sérgio Moro, são essenciais para o fortalecimento das instituições e da economia do país.

Esperançoso de que o Governo Federal acerte a mão com as reformas estruturais, pelo menos na pauta anticorrupção, o ex-ministro assegura que buscará uma reposição no setor privado após o período de quarentena. Mesmo informando não estar atualmente com uma visão futura sobre política, especialmente em 2022, quando haverá a eleição presidencial, ele admite que quer permanecer no debate público. “Alguns especulam que isso significa alguma coisa, mas, na verdade, eu só acho que são responsabilidades que se colocam e eu me sinto à vontade se receber um convite para falar. Eu passei muito tempo calado como juiz e como ministro”.

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Avesso a rótulos, o jurista se considera uma pessoa de centro-direita quando se fala em economia, seguindo uma linha mais liberal, já que acredita mais no setor privado do que no público. “Vemos que a capacidade de investimento público do Brasil é reduzida, e agora devemos estimular o investimento privado. O Estado tem que promover livre concorrência, aprimorar o regime jurídico e buscar o bem-estar na população. Economia saudável não pensa só no empresário, mas na população em um modo geral, na distribuição de riquezas em que cada um tenha a sua parte do bolo e que não haja privação dos lucros. O país precisa se inserir mais na tecnologia, buscar investimentos privados e criar as condições necessárias para entrar no mundo que é cada vez mais competitivo”.

Na leitura de Sérgio Moro, a pandemia acentuou o que há de errado no país, mostrando que o setor público é disfuncional e caótico, exemplificando os casos de corrupção nos desvios dos investimentos que seriam para as ações de enfrentamento às crises sanitária e econômica. “Há mecanismos de controle que geram dificuldades burocráticas e limitam muito a eficiência do Estado, o que gera frustrações à União. É preciso diminuir as oportunidades e aumentar os riscos para evitar a corrupção no Brasil”, explicou, acrescentando que deve-se haver um ponto de equilíbrio no setor público, para que haja uma gestão mais eficiente.

Conflitos e pauta anticorrupção

Intitulando-se defensor de um “espírito reformista” e mostrando-se a favor da prisão em segunda instância e do fim do foro privilegiado, Sérgio Moro diz que é necessário que a Justiça seja mais próxima do cidadão. As reformas estruturais, pontua, não estarão somente a favor dos empresários, mas da população em um modo geral. “Parece não ser a prioridade atual, porque o foco é na questão sanitária e econômica. Será que os conflitos entre governantes ocorreriam se tivéssemos uma instituição mais sólida?”, questionou.

A pauta anticorrupção, de acordo com o jurista, é uma reforma que visa melhorar o cenário econômico, tanto no setor público quanto no privado, e fortalecer a democracia. Hoje em dia, observa, há um crescimento do populismo, tanto de direita quanto de esquerda, fruto de uma desilusão com o Estado, que não provê políticas públicas de qualidade. “É uma percepção de que a democracia gera uma base de representantes que muitas vezes está mais preocupada com os próprios interesses do que com os dos representados. A corrupção é areia, não óleo, para as engrenagens da economia. Temos que ver os impactos negativos dela”.

A live foi mediada pela presidente do Lide Ceará, Emília Buarque. (Imagem: Reprodução)

‘Salvador da Pátria’

Conforme o ex-ministro, a Operação Lava Jato impulsionou um movimento anticorrupção no Brasil, bem como a própria democracia. Ele lembrou a passagem pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, destacando que aceitou o convite do presidente porque queria assumir o compromisso com o país na área. “Quando vi que não era possível, e por causa de outras divergências, me afastei. Fui criticado, mas espero que compreendam o compromisso com a verdade que eu tenho. Isso gera consequências, mas estou tranquilo com a minha consciência”, pontuou.

Sérgio Moro chama a atenção para algumas armadilhas culturais que resvalam a um culto à personalidade, salientando que não existe um “salvador da Pátria capaz de solucionar todos os problemas de uma Nação”. Quando isso é incentivado, diz, não é bom para a democracia, nem para as instituições, uma vez que o representante necessita de um alicerce para fazer um bom governo. “É preciso de aliança no Congresso Nacional e ter uma boa relação lá. Um dos erros desde a Redemocratização é que o Executivo empoderou as pessoas erradas no Parlamento, que foram se tornando pessoas mais fortes e tornaram as coisas reféns de suas vontades. As necessidades hoje em dia são diferentes das de dez anos atrás”, analisa.

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