23 abr 2024 | Beleza
Também conhecido como dreadlocks ou locs, o dread é um estilo de cabelo marcante que está voltando com tudo em 2024. Relacionado à cultura negra, o visual tem origens que remontam aos países africanos e à Índia, com rica carga histórica. Popularizado pelo cantor Bob Marley, nos anos 60, essa expressão capilar ganhou novas formas e técnicas ao longo dos anos. Antes associado apenas aos homens, hoje o estilo é, também, símbolo de autenticidade para mulheres. Veja modelos de dread feminino para ter como inspiração e, ainda, saiba mais informações sobre o visual.
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Atualmente, o termo “locs” é o mais usado para se referir a esse estilo que é um estado emaranhado do cabelo. Na prática, não existe diferença em comparação ao “dread”, exceto pelo nome. Nos Estados Unidos, a comunidade negra começou a abandonar o termo “dread”, por considerá-lo pejorativo, e passou a adotar “locs” no lugar.
Segundo Isabelle Davis, trancista fundadora do Estúdio Nzinga, em Fortaleza, os locs e suas variações estão numa posição contrária à imposição do padrão de beleza embranquecido. “A partir do momento que negamos essa ditadura de beleza, podemos compreender nossa própria imagem por uma lente de livre de estigmas racistas e, assim, construir uma autoestima saudável”, comenta.
De acordo com ela, existem duas técnicas possíveis para alcançar o resultado dos locs: cultivo ou instantâneo. “O cultivo pode ser feito através do método dedoliss ou retwist onde o cabelo é separado em mechas que, com o efeito do tempo, frizz e algumas manutenções, naturalmente viram dreads“, comenta Isabelle.
O cultivo tem ganhado visibilidade por ser acessível e se tornar um processo único para cada pessoa. “É importante fazer os starter locs (locs iniciais) com uma profissional, pois nesse momento é definido a espessura ideal através da divisão feita. Depois disso, com ação do tempo, o cabelo vai se consolidando em vários locs”.
Feito com uso de ferramentas como agulha de crochê ou interlock, há o método instantâneo. “Além disso, ainda existem as opções removíveis, que são feitas simulando a estética do loc natural com técnicas de trancismo”, explica.
Hoje, o método mais popular no Brasil (e mais rápido) para chegar ao resultado dos locs é a opção feita com agulha de crochê, técnica em que os movimentos de agulhadas pontuais enrolam o cabelo e o molda em um formato cilíndrico. Feita com agulha de tapeçaria, a técnica de interlocks, em suma, costura mechas de cabelo a si próprias em forma de “X”, desde a raiz até as pontas.
Há outras técnicas mais rápidas, mas, quando se fala de locs, paciência é fundamental. Na manutenção do cabelo natural, por exemplo, é preciso tempo para ele se ‘metamorfosear’ para dreads. A twist, por exemplo, consiste em dividir o cabelo em mechas, fazer pequenas torções e deixar o cabelo parado por dois meses. Processo feito na primeira manutenção, o ‘retwist‘ auxilia a embolar a fibra apertando as mechas.
Já a técnica free form é mais natural e sem a intervenção da agulha, com o propósito de simplesmente permitir o crescimento dos fios. A pessoa escolhe um formato, um lado e, com o embolar natural do cabelo, surgem os dreads. Só que, ao escolher essa técnica, é preciso atenção para fazer a separação do que já é dread e do que continua se formando. Uma boa dica é adquirir uma esponja, a fim de dar textura e ajudar o cabelo a moldar-se em cilindros.
De acordo com Isabelle, o tempo de maturação dos locs varia conforme a textura e tamanho do cabelo. “Geralmente o tempo para que os locs estejam oficialmente formados é de até um ano, mas ainda depois disso o processo de maturação continua. Compreendemos os estágios através dos termos: locs bebês, adolescentes ou adultos“, diz.
Para aqueles que pensam em adotar locs, o início do processo requer cuidados. “Antes de iniciar seu cultivo, recomendo preparar bem o fio com tudo que o cabelo precisa. Hidratação, nutrição ou restauração. É importante, também, cortar as pontas, mas principalmente: ter paciência e aproveitar o processo”, orienta a trancista.
Nesse sentido, para evitar o acúmulo de resíduos, os produtos mais recomendados para manutenção são os mais naturais possíveis, como água de rosas ou de laranjeira. Além disso, pomadas, mousses e fixadores devem ser evitados.
“A lavagem é feita apenas com shampoo neutro e, para a hidratação, a água de rosas é a melhor opção. Óleos como o de linhaça podem ser usados na raiz na hora de apertá-los. É importante também sempre lavar pelo dia e deixar secar bem”.
Os locs podem incorporar uma variedade de tamanhos e espessuras. Contudo, na hora de decidir a melhor opção, Isabelle indica ter atenção aos afazeres cotidianos para evitar arrependimentos. “Analisamos o fio e sugerimos um tamanho ideal para o tipo daquele cabelo e reparo”.
“É sempre possível mudar a técnica escolhida ou, ainda mais, aplicar outras estilizações como até mesmo box braids por cima dos locs”, afirma.
Por fim, na hora de desfazer os locs, há semelhança com o desembaraçar de um cabelo embolado. Mas, para minimizar os danos, é necessário o uso de óleos durante esta etapa.