20 out 2021 | Galerias
A abertura oficial da 21ª edição da Unifor Plástica, tradicional salão de arte contemporânea de artistas cearenses, aconteceu na última terça-feira (19), apresentando o tema “Corpo Ancestral”. O evento contou com uma palestra do curador Marcelo Campos e da cocuradora Pollyana Quintela que aconteceu nos formatos presencial e online, além de um momento solene, no Espaço Cultural Unifor, com a presença de artistas, curadores, gestores da Fundação Edson Queiroz e convidados.
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Responsável por apresentar as produções de artistas cearenses e nacionais, a Unifor Plástica deste ano está organizada em torno de três núcleos. O primeiro, intitulado “Pós-utopia”, apresenta obras que questionam a ideia de futuro como metáfora do progresso. De acordo com o curador da edição, Marcelo Campos, a perspectiva de futuro utópico, que traria respostas para os problemas e fracassos do presente, anda em crise. Por outro lado, a mesma perspectiva deixou de fora os saberes tradicionais, acreditando no progresso tecnológico e na extinção de práticas locais.
“Diante da dificuldade cada vez mais latente de instituir alternativas coletivas que sejam reconhecidas para a extinção da pobreza, da violência e da desigualdade, veremos obras que desfazem e refazem bandeiras e emblemas oficiais, investigam terras arrasadas e atestam o colapso destes tempos de incertezas”, destaca o curador.
Já o segundo núcleo, de título homônimo ao da mostra – “Corpo Ancestral”, apura a produção de subjetividade a partir de corpos divergentes e não normativos. Nesta segunda parte, as obras giram em torno do empoderamento, da fabulação de identidades e da reivindicação dos saberes ancestrais como estratégia de produção de sobrevivência e vitalidade.
Por fim, um terceiro núcleo, intitulado “Naturezas”, partirá do pressuposto de que a divisão entre natureza e cultura, entre o “inato” e o “aprendido”, é uma forma de fazer política, de separar, ordenar, categorizar e distinguir. “Não existe propriamente nem natureza e nem cultura, mas associações, conexões, agrupamentos de diferentes ordens. Sendo assim, as pessoas verão obras que exploram a relação do trabalho com a terra, o imaginário das formas orgânicas da natureza e as invenções da paisagem”, relata Marcelo Campos.
Esta edição também é responsável por homenagear a artista Nice Firmeza (1921-2013). Professora, doceira e bordadeira, Nice foi uma das mulheres pioneiras nas artes visuais no Ceará, além de ter sido nomeada Tesouro Vivo/Mestre da Cultura, pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), em 2007.
Além dela, também será homenageado o professor, pesquisador e escritor Gilmar de Carvalho (1949-2021), importante figura da cultura cearense e nordestina, falecido este ano.
Letícia Parente (1930-1991), artista representante da 1ª Unifor Plástica, em 1973, também está entre os homenageados. O trabalho de Letícia é uma demonstração do quanto a Fundação Edson Queiroz, em seus 50 anos de existência, desenhou nesse projeto de exposição um pioneirismo na cena das artes visuais do Ceará. Hoje, Parente integra a coleção da Fundação Edson Queiroz.
21ª Unifor Plástica – Corpo Ancestral
Visitação: a partir de 20 de outubro de 2021. Terça a sexta, 9h às 18h; sábados e domingos, 10h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321 – Bairro Edson Queiroz)
Curadoria: Marcelo Campos
Co-curadoria: Pollyana Quintella