21 set 2024 | Poder
“Deus me livre de mulher CEO”. Se você usou a internet nos últimos dias, deve ter passado por alguém comentando sobre essa frase em algum lugar. Porque sim, alguém realmente disse essa frase em 2024 num contexto de total confiança sobre o que estava sendo dito.
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E se houver um momento para refletir que essa fala veio de um empresário que também é fundador de um negócio direcionado para o ensino de educação corporativa e gestão de empresas, tudo fica ainda mais inquietante.
Uma fala problemática como essa sobre mulheres em posição de liderança vindo de alguém tão profundamente envolvido no meio repercutiu de maneira negativa nas redes e ocasionou em uma retratação e pedido de desculpas público. Mas não é sobre isso que vamos falar aqui.
Citar o nome desse empresário não é o importante e sim falar sobre as mulheres CEO que se manifestaram e compartilharam suas próprias experiências a partir dessa demonstração. Pois o Brasil tem ótimos exemplos de mulheres não só liderando empresas, mas também assumindo diversos outros papéis e não se limitando a ser apenas o que é esperado para elas pela sociedade.
Entre os diversos relatos encontrados nas redes sociais de executivas, presidentes de empresas, mães e, acima de tudo, mulheres, estão os de Luiza Trajano, Bianca Andrade e Nathália Rodrigues.
A CEO do Magazine Luiza, Luiza Trajano, falou sobre não concordar com o posicionamento expressado nas falas infelizes e relatou sobre sua própria vida como uma mulher liderando uma das maiores empresas do varejo.
“Criei três filhos trabalhando muito, inclusive como CEO do Magalu. Soube cuidar deles e dos idosos da família. Tenho amigas íntimas que optaram por ficar em casa para criar seus filhos mais de perto. Simplesmente escolheram outro estilo de vida, e nunca as critiquei. Tanto os meus filhos quanto os delas são felizes, comprometidos e legais. Sempre digo: não há receita para criar uma família.”, destacou a empresária.
Já a CEO da Boca Rosa Beauty, Bianca Andrade, refletiu sobre ser uma decisão das mulheres o que elas irão ser ou não e sobre o poder relacionado a essa ação.
“Muitos homens não entendem que a opinião deles é só mais uma opinião de uma pessoa no planeta. Não é realidade. Então mulheres sejam CEO, sejam o que vocês quiserem. E cuidem da sua saúde mental. E quando um homem jogar para você esse papo tóxico de “estou cuidando de você” eles só estão pensando neles. Se eles realmente estivessem pensando em você, eles perguntariam o que você quer, o que você gosta, o que te faz feliz, e não impondo alguma coisa”, falou Bianca.
Quanto à CEO da Nath Finanças, Nathália Rodrigues, em seu comentário foram abordados a realidade encontrada no mercado financeiro e a posição que esperam de uma mulher.
“Na área em que atuo, o mercado financeiro, as opiniões de mulheres ainda são frequentemente descartadas. Você vê e ouve majoritariamente homens falando sobre bolsa de valores, investimentos, derivativos, e fundos. Quando o assunto é “economia doméstica”, aí sim se lembram das mulheres. Esse é um projeto claro de manter as mulheres sempre em posições subordinadas. Mas existem mulheres incríveis como CEOs. Mulheres, vamos continuar nos formando e compartilhando nossas conquistas!”, comentou a profissional.
Cada título de CEO que vem antes do nome dessas mulheres é um exemplo claro de lideranças femininas de sucesso que temos no Brasil. Sendo a Plataforma MT liderada por uma mulher, mãe e fundadora de grandes eventos que já são tradicionais no Ceará, era importante comentar sobre o assunto e se posicionar contra uma fala irresponsável e que ignora a realidade vivida por muitas mulheres brasileiras.
Essa não é a primeira vez e nem será a última em que mulheres serão subestimadas, então é imprescindível que elas façam suas próprias escolhas, pois as críticas irão vir independente de quais sejam elas. Que mais mulheres assumam esses lugares de liderança e continuem sendo exemplos e inspirando as próximas gerações.