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Luta antirracista é responsabilidade de todos, defende Preto Zezé

18 jul 2020 | Poder

Por Redação

Nascido e criado na favela das Quadras, no bairro Aldeota, o ex-lavador de carros, rapper, empresário, produtor e escritor Preto Zezé assumiu desde cedo a missão de transformar a visão errônea que se tem das comunidades, mostrando estes locais como ambientes de potência, e não apenas como regiões de carência, tragédia e desigualdade. Mas à medida que a voz dele ganhou espaço, a responsabilidade se ampliou: atualmente no papel de presidente global da Central Única das Favelas (Cufa), ele faz ecoar para a sociedade que a luta antirracista é responsabilidade de todos.

Presente no Brasil há 20 anos, a Cufa beneficia, no Ceará, quase 170 mil pessoas, entregando cestas básicas e trabalhando com a formação de lideranças, desenvolvimento de ações na área de esporte, cultura e empreendedorismo, bem como elaborando uma agenda positiva e de diálogo entre empresas e governos para que a desigualdade social reduza nas favelas.

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Filmes nacionais que contam a história das desigualdades raciais e sociais no Brasil

Considerando que há boas discussões sobre racismo no Ceará, Preto Zezé avalia que, por vezes, a mídia invisibiliza, não dá atenção, ou só lembra do antirracismo quando é data comemorativa, ou quando acontece algum caso que chame a atenção da sociedade, como o do segurança George Floyd, 46, nos Estados Unidos, que foi morto após ser abordado por policiais que haviam recebido uma denúncia de suspeita de uso de dinheiro falso.

“O problema é que só agora as pessoas vieram notar que existe a luta antirracista, mas ela é antiga. Eu estou nela desde 1990, por exemplo. Agora ficou mais visibilizada, porque com a tecnologia há como filmar. Se não houvesse, seria mais uma lá nos Estados Unidos que ia repercutir como acontece no Brasil, onde morrem 45 mil pessoas negras e nada ocorre. A indiferença é a mesma, e a cada 3 minutos morre uma pessoa negra aqui no país”, lamenta.

Racismo estrutural

Para o presidente global da Cufa, não adianta a luta antirracista ser apenas uma conversa ou uma hashtag nas redes sociais, é preciso enfrentar o racismo estrutural presente no dia a dia. “Não podemos deixar que se torne um evento. Devemos focar no problema como responsabilidade de todos e que todos podem colaborar para superar essas questões de desigualdade racial“, destaca.

Hoje em dia, aponta, 62% das mortes no Sistema Único de Saúde (SUS) são de homens negros e pobres. “Quem está na política defendendo mais dinheiro para o SUS? Quem está protegendo o SUS? Quem está buscando ampliar a política pública de Saúde?”, questiona Preto Zezé.

Indicadores

Mesmo notando que a sociedade esteja bem mais informada que antes, Preto Zezé – baseado nos indicadores sociais, de desemprego, morte e presença negra nos espaços de poder, bem como políticas públicas para estes – tem dúvidas se as pessoas estão menos racistas atualmente.

“Falta de luta e de propostas não é. É só falta de entendimento que se não resolvermos essa questão no Brasil, o país não vai se desenvolver igualitariamente, porque estamos falando de 118 milhões de pessoas que vão ficar de fora, e aí teremos uma anomalia, que é desenvolver uma parte e outra não, ficando na invisibilidade“, argumenta.

Ações

Durante a pandemia do novo coronavírus, lembra Preto Zezé, a Cufa realizou um trabalho que serviu de amparo às famílias afetadas com a crise, distribuindo alimentos e fazendo transferência de renda a estas, principalmente para as mulheres. As ações, pontua, são para levar uma “boia” a estas pessoas até que o Estado chegue para salvá-las do “naufrágio”.

“Embora se diga que o contágio é democrático, o sacrifício é escolhido. Tem endereço, CEP e cor. Então, está todo mundo no naufrágio, mas uns estão de lancha, outros de jet ski, e a maioria está sem boia, naufragando, e muitos já se afogaram. É importante que agora o Estado agora entre com outra políticas públicas que não sejam só as de Saúde”, realça Preto Zezé.

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