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O que é o black power e o que ele representa na identidade negra

12 abr 2021 | Poder

Por Redação

O termo ganhou notoriedade nas discussões online e fomentou pesquisas sobre o movimento de afirmação da identidade negra (Foto: Reprodução)

No último dia 5, o apresentador do Big Brother Brasil 21 (BBB), Tiago Leifert, fez um discurso sobre o comentário do participante Rodolffo, que comparou o cabelo black power de João Luiz a uma peruca de homem das cavernas. O jornalista ressaltou a importância do visual para as pessoas negras, que não se trata apenas de uma questão estética, mas sobre identidade e resistência. O termo ganhou notoriedade nas discussões online e fomentou pesquisas sobre o movimento de afirmação da identidade negra.

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O Site MT convidou a estudante Pâmela Layla Freitas Barbosa, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e pesquisadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi) para ampliar a discussão sobre luta antirracista no Brasil, Black Power e representatividade.

“No Brasil, não tratamos como movimento Black Power e, sim, como movimento antirracista, uma luta contra as desigualdades raciais e o racismo estrutural. O Black Power nasceu nos Estados Unidos, foi um chamado por conta dos cabelos, com o objetivo de oficializar o cabelo deles, que não era um cabelo cacheado, era um cabelo bem crespo, não tinha definição”, contextualiza Pâmela.

“Eu tinha muita vergonha do meu cabelo, mas quando eu vi minhas tias, pessoas próximas, assumindo os seus cabelos, senti uma confiança”, destaca Pâmela. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a estudante do IFCE, a fala do apresentador do BBB foi fundamental. “Mesmo que o comentário do Rodolffo não tivesse maldade, a dor do João foi real, uma dor que sempre acompanhou o João. A Globo foi a transmissora daquela problemática, acho que eles fizeram o mínimo, mas foi fundamental. A mesma fala do Tiago, o João também tentou levar”, pontua.

“O Rodolffo tentou o tempo inteiro se justificar, ele deveria se desculpar. Não estava em questão se foi por maldade ou não e, sim, a dor do João”, lembra a pesquisadora.

Pâmela Layla explica que o povo preto está “muito cansado de explicar sempre sobre racismo e todo o sistema de opressão”. “Eu também não sabia, mas fui buscando. Eu achava que o racismo estava ligado à pele negra, mas não é apenas isso, é um sistema de opressão”, explica.

Para ela, as pessoas brancas devem também buscar sobre a temática e não depender apenas da explicação dos negros, uma vez que existem diversos livros e artigos sobre o assunto.

Referências e representatividades 

Nilma Lino, Angela Davis e Djamila Ribeiro são algumas das autoras citadas por Pâmela que trazem debates sobre o movimento negro e as próprias vivências para os livros. “Nós sempre tentamos alcançar espaços na sociedade, estamos lutando para isso. Essas escritoras trazem vivências nos livros, o povo preto precisa de referências. Eu sentia muita vergonha do meu cabelo, de quem eu era, mas eu não sabia o porquê. E isso era porque eu não me via em certos locais”, conta. 

Após o movimento Black Power ganhar força nos Estados Unidos nos anos 1970, a proposta se espalhou mundo afora. De acordo com Pâmela, o movimento demorou a ganhar força no Brasil.

Djamila Ribero é autora de obras como “Pequeno Manual Antirracista”, vencedor do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências Humanas e um dos mais vendidos do ano passado. (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Nós tínhamos outras pautas, a gente demorou a entender, mas sempre lutamos por referências”. Nos anos 1980 e 1990, o movimento ganhou mais força no País. “As pessoas pretas começaram a estudar e desabrochar aquilo que a gente viveu, procurando saber nossas histórias“, afirma.

“O movimento Black Power é o nosso orgulho, orgulho de ser preto. Ele foi muito importante, uma referência. Tornar preto as pessoas pretas. Algumas pessoas não sabem, mas se reconhecer preto é um ato político”, ressalta.

Luta coletiva

Pâmela Layla destaca o movimento antirracista como uma luta concreta e coletiva. Para a pesquisadora, ele é necessário para abrir mais caminhos, políticas afirmativas e estruturais para a geração futura. “Se reconhecer como pessoa preta, entender a causa, o movimento. É uma luta coletiva, eu não luto só pela minha mãe, pelo meu pai ou por mim, eu luto pelo coletivo. Eu sinto a dor, eu choro cada dor, cada bala que o povo sentiu”, declara. 

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Os movimentos e as lutas antirracistas já atuam há um tempo no País com o objetivo de empoderar o povo preto. E, durante esse período de luta, muitos homens e mulheres negras começaram a assumir os cabelos crespos. “Eu sinto que tem muitas pessoas que aderiram à transição capilar, começaram a passar por esse processo difícil. A gente teve muita vergonha, é um processo discutido há tempos e ganha força com a representatividade. Ver pessoas em certos lugares que se parecem com a gente é fundamental, como a Maju, uma mulher preta, jornalista que apresenta um jornal nacional“, reforça.

Apresentadora do Jornal Hoje, da TV Globo, Maju Coutinho é constantemente citada por mulheres como referência na televisão por reforçar a identidade negra. (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Eu tinha muita vergonha do meu cabelo, mas quando eu vi minhas tias, pessoas próximas, assumindo os seus cabelos, eu senti uma confiança. Imagina se na minha época tivesse uma Maju! Quando eu entrei no IFCE muita gente falou que se inspirou em mim para assumir os cabelos, mesmo que eu não seja famosa. Eu tenho orgulho de ser quem eu sou“, finaliza.

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