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Priscilla Veras conta como a Muda Meu Mundo cresceu 340% em um ano conectando o campo ao varejo

17 abr 2021 | Poder

Por Tainã Maciel

A empresária Priscilla Veras é fundadora e CEO da Muda Meu Mundo, startup cearense que conecta agricultores familiares ao varejo (Foto: Divulgação)

Alimento saudável e orgânico é sinônimo de comida cara? Para a empresária Priscilla Veras, ter a opção de colocar produtos naturais no prato é um direito básico que deve ser usufruído por todos. À frente da Muda Meu Mundo, startup cearense que conecta agricultores familiares ao varejo, Priscilla investe na tecnologia para que a venda de orgânicos tenha um preço justo e impacto positivo para os dois lados: produtor e consumidor. 

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“Sempre trabalhei com o terceiro setor com questões relacionadas à pobreza e ao desenvolvimento socioambiental. Nunca imaginei que eu pudesse abrir uma empresa. Para mim, sempre foi um sentido de transformação”, afirma. Natural de Fortaleza, Priscilla começou a carreira profissional trabalhando no terceiro setor, unindo a graduação em Pedagogia com a especialização em Administração e Ciência Política, e a partir da experiência surgiu uma inquietação. 

“Conheci um pouco da realidade do campo e para mim era muito discrepante ver que no campo as pessoas viviam em situação de pobreza, comendo mal, produzindo quase nada e sendo explorados no processo de comercialização quando produziam. Enquanto isso, a gente ia ao supermercado e encontrava preços muito caros. Isso pra mim não fazia sentido. Foi quando, em 2012, conheci os negócios de impactos sociais, que são empresas que existem para resolver problemas sociais. Aquilo começou a mexer muito comigo”, conta a empresária. 

Na época, ela trabalhava em uma ONG americana que atua no Brasil, porém, em 2016 aconteceu a virada de chave. “Resolvi largar tudo. Largar toda essa carreira que eu estava construindo em nível internacional para empreender com a ideia de levar comida sustentável para todo mundo”, lembra. 

Mudança de estratégia 

A Muda Meu Mundo nasceu em 2017 pelas mãos de Priscilla e sua irmã Déborah Veras, que já não atua mais na empresa. Juntas, elas começaram a criar um vínculo com as famílias de agricultores para entender a realidade daqueles grupos, capacitá-los e apoiá-los no escoamento das produções. A empresa começou agregando cerca de 20 famílias ao processo, realizando feiras agroecológicas em Fortaleza.

“Eu e a minha irmã fazíamos feirinha na Praça das Flores e entregávamos cestas nas casas das pessoas, mas vimos que nada disso era eficiente, nem para a empresa e nem para o produtor. Em 2018, deu tudo errado e eu não tinha mais dinheiro para investir, porque tudo que eu tinha conseguido guardar foi investido na empresa. Minha irmã saiu do negócio e, em 2019, virei o ano com a missão de encontrar um modelo de negócio que pudesse fazer sentido ou então fechar as portas”, comenta. 

Apesar dos desafios, Priscilla conseguiu reerguer a Muda Meu Mundo. Em carreira solo, iniciou negociações com investidores e supermercados, possibilitando que os clientes tivessem acesso aos produtos diariamente, não apenas nas feiras semanais, e que os agricultores pudessem receber justamente pelo trabalho que realizam, produzindo alimentos livres de agrotóxicos e exploração.

“De 2019 para 2020, a empresa cresceu 340%”,

celebra a empresária. 

“O nosso modelo de negócio é inovador. No Brasil, a gente é uma referência porque fazemos essa conexão direta do produtor com o varejo. Estamos trazendo muita tecnologia para mostrar ao varejo que ele pode ser sustentável, mas que ele também pode ganhar dinheiro, assim como o produtor”. 

Hoje, 78 produtores comercializam regularmente com a rede. As famílias de agricultores que são parceiras da empresa estão ao redor de Fortaleza até um raio de 150 km, incluindo municípios como Beberibe, Trairi, Aratuba e Baturité. “A ideia é que sejam produtos locais, num raio próximo, e que abasteçam as cidades para que a gente não precise comprar comida de outros estados”. 

Capacitação e tecnologia 

O desenvolvimento de tecnologias para apoiar e capacitar o agricultor é destaque no modelo de negócio orquestrado por Priscilla Veras. “A gente analisa desde de quando o agricultor entra na rede, o quanto ele ganha, que tipo de área de preservação ambiental ele tem, se ele não tem reflorestamento”, detalha. A empresa trabalha com dados relacionados a questões ambientais, sociais e de governança (ESG) para a criação de um supply chain (cadeia logística) sustentável.

Em 2020, a Muda Meu Mundo conseguiu injetar quase R$ 500 mil na agricultura familiar no Ceará (Foto: Divulgação)

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“Em 2020, que foi um ano muito difícil para a agricultura, a gente conseguiu injetar quase R$ 500 mil na agricultura familiar aqui no Ceará, aumentando 107% da renda desse produtor. Também ajudamos o crescimento de 12% para 47% de mulheres que estão gerando renda dentro da rede e conseguimos aumentar a quantidade de áreas reflorestadas”, comenta.

“Isso é possível porque estamos tirando todos os atravessadores do meio da cadeia e proporcionando uma conexão única e direta do campo até o varejo”,

explica Priscilla. 

Outra estratégia de destaque da empresa são as capacitações, que começaram ainda em 2017. “Sou pedagoga de formação, então, a gente estruturava de uma forma didática toda a capacitação dos produtores para que eles pudessem aprender sobre agricultura sustentável e agroecologia. Isso foi evoluindo e, em 2019, a gente implantou uma plataforma de aprendizagem onde todo produtor que entra na nossa rede recebe acesso. O aplicativo Muda Meu Mundo Educação tem 20 módulos diferentes de conteúdos rápidos sobre várias assuntos, desde a gestão da propriedade à modelos de precificação e questões relacionadas ao meio ambiente”. 

O investimento também é refletido em números. “Do campo até o varejo, existe uma média de desperdício de alimentos de pelo menos 30%. O nosso desperdício hoje é de 3.4%. Olha a diferença. Isso porque a gente conseguiu desenvolver um modelo em que o produtor está apto a ter um produto sustentável e com processamento mínimo”.

Atualmente, a startup cearense tem parcerias com redes de supermercados, como os Mercadinhos São Luiz, além de negociar parcerias com empresas de São Paulo. A expectativa é chegar a 100 estabelecimentos em SP no intervalo de 15 meses, contado a partir de maio, e a 48 lojas em Fortaleza. “Hoje, eu sou CEO da empresa, tenho meus investidores e uma equipe incrível que está comigo, inclusive a área de tecnologia é liderada por outra mulher. Tudo isso é um privilégio muito grande”, finaliza Priscilla Veras. 

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