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Yara Canta define beleza plural e conta como foi o processo para se sentir bonita

11 mar 2021 | Poder

Por Yohana Capibaribe

Entre tantos encantos de uma mulher, a beleza, certamente, é um dos mais notáveis. E o que é beleza para as mulheres? O que representa esse conceito para elas? Para a cantora, atriz e artivista Yara Canta, é pluralidade. “Porque somos múltiplas. Todas as mulheres devem ter isso em mente. Somos plurais, assim, não tem como a gente se encaixar em uma forma de ser, porque não tem como, nós somos muitas, cada corpo tem a sua história, a sua vivência e a sua experiência. E todas são válidas, todas são belas”, ressalta.

Não há uma palavra que possa explicar o todo que representa a mulher. Não é simples e nem objetivo. Dessa forma, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, o Site MT elegeu seis conceitos e convidou seis mulheres para explicar o que cada um deles representa e, assim, destacar as conquistas e causas femininas. Yara Canta fala de beleza.

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Embora Yara se veja, hoje, como uma mulher bonita, nem sempre foi fácil enxergar isso devido aos padrões de beleza impostos pela sociedade. “O que é esse corpo bonito? Esse rosto? Bonito para quem? Porque se a gente pensar em todos os padrões estéticos nas mídias e nas indústrias, muitas meninas não vão se enquadrar. Então, elas vão precisar se sentir feias porque não são representadas? É sempre um padrão imposto muito branco, muito cis, muito hétero. Então, não, a gente tem que se sentir bela, bonita da forma que nós somos. Porque cada uma é cada uma”, pontua.

Embora Yara se veja, hoje, como uma mulher bonita, nem sempre foi fácil enxergar isso devido aos padrões de beleza impostos pela sociedade (Foto: Reprodução/Instagram)

Como uma mulher negra e trans, a imposição do cabelo liso sempre foi muito forte para Yara. “Essas questões de embranquecimento sempre foram muito presentes, principalmente, para mulheres negras. Então, desde cedo, aos 14 anos, comecei a alisar meu cabelo, ele ia crescendo, crescendo e eu alisando”, conta. 

“E, na real, nada disso resolvia nada, porque eu continuava sendo travesti, continuava sendo preta e continuava alisando meu cabelo, tentando me encaixar em uma coisa que eu nunca me encaixava. E aí, eu me desprendi”, afirma.

Sem cabelo, sem padrões 

Em 2017, a mãe de Yara, Dolores, teve câncer de mama. Com a quimioterapia, os cabelos começaram a cair. “Nós raspamos os nossos cabelos juntas, ficamos carequinhas. E me veio outra questão: ‘Como assim uma travesti careca?‘. Minha mãe estava passando por uma luta muito grande, eu não me importei de ter raspado o cabelo com ela, mas tinha momentos que ‘batia’ e eu ficava incomodada porque sentia que algumas pessoas tentavam deslegitimar a minha mulheridade“, lembra. 

Em 2017, a mãe de Yara, Dolores, teve câncer de mama. As duas rasparam o cabelo juntas (Foto: Reprodução/Instagram)

“Existem alguns momentos que eu não me sentia tão bela por conta disso, mas com o tempo eu fui me acostumando e comecei a brincar com meu cabelo curtinho, só raspadinho. Eu descolori, botava outras cores e me divertia”, pontua.

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Yara ressalta que a representatividade é essencial para as mulheres compreenderem as diversas belezas. Contudo, a artista explica que mesmo que seja possível ver mulheres negras, trans, em comerciais, ainda não é suficiente. “Ter raspado meu cabelo foi um momento muito importante na minha vida, quando eu entendi que esses padrões não importam. Não importa se meu cabelo é liso, se é cacheado, se não tenho cabelo, eu continuo sendo uma mulher, continuo sendo belíssima. Toda essa temática que envolve beleza, cabelo e tudo mais é extremamente importante para todos nós, porque, geralmente, não somos o padrão”, acrescenta.

Representatividade

“Depois de todos os processos, eu comecei a ver a beleza do meu cabelo, do meu corpo, do meu rosto. A beleza da minha ancestralidade, da minha negritude, e eu fui me sentindo muito bem comigo mesma, eu comecei a não ter mais sofrimentos como tinha antes”, esclarece. No último ano, Yara foi eleita a musa do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais, Negras e Negros (Fonatrans). “É uma pauta muito forte no Fórum, a beleza travesti negra. Eu me senti extremamente honrada quando eu ganhei esse título , porque é muito importante a gente debater essas questões”, afirma.

No último ano, Yara foi eleita a musa do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais, Negras e Negros (Foto: Reprodução/Instagram)

A cantora acredita que buscar representatividade é a melhor forma de desprender desses padrões, que são tão expostos pela mídia. “Começar a seguir outras pessoas que eu identifico. Essa é a questão da representatividade, buscar pessoas que se encaixam com você, porque não adianta você ficar presa, querendo seguir, querendo se adequar a um padrão, coisa que não te faz bem, que você se mutila para alcançar”, defende.

“Quando fui coroada musa do Fonatrans é muito nesse sentido de trazer essas outras belezas, belezas que são plurais. E aí que é o meu cabelo altíssimo, um cacheadão enorme. Essas estéticas que fogem do padrão branco, cis e hétero. Importantíssimo que cada vez a gente tenha mais representatividades”, finaliza.

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